sábado, julho 19, 2008

O dia em que os 6 milhões levaram as mãos à cabeça

É sem dúvida um bom título para o dia de anteontem, principalmente após a entrevista rocambolesca que o líder espiritual da Nação Vermelha deu à RTP1 e na qual, invariavelmente, voltou a falar naquilo que o assombra dia após dia, noite após noite: o FCPorto.

Começando por um ritmo mais pausado, nitidamente estudado e preparado com cuidado, cedo LFV perdeu as estribeiras e voltou a acusar tudo e todos sem coerência nem moderação. Nesta altura, todos aqueles que perderam tempo a preparar o discurso e a postura do presidente para esta entrevista, deitaram as mãos à cabeça.

Não querendo meter-me nas questões que dizem respeito à orgânica do Benfica, afinal se o LFV disse que o Quique Flores foi 3ª escolha, isso é lá com eles, foi sem dúvida hilariante quando o presidente do Benfica enveredou por um discurso, tão ao jeito dos políticos da nossa praça, quando se acham do lado derrotado de uma eleição. Assim, segundo LFV, a decisão do TAS, e consequente ratificação da admissão do FCPorto na UEFA, não foi uma derrota para o Benfica. Inclusive, o próprio LFV tentou fazer um ar de espanto perante essa questão "Uma derrota para o Benfica? Porquê?".

Façamos aqui um ligeiro exercício de memória: o Benfica surge na génese do processo de "vai não vai" do FCPorto à Liga dos Campeões e, depois de a Comissão de Apelo decidir pela integração do FCPorto na Champions, o Benfica anuncia que vai pedir uma indemnização à FPF por "danos morais e prejuízos".

O Benfica surge depois novamente no processo no recurso ao TAS, congratula-se por ter sido ouvido no processo. Ao mesmo tempo o técnico de 3ª escolha anuncia que a equipa do Benfica está preparada para LC e conta ir lá e, no final, já depois da decisão do TAS, o Benfica emite um comunicado oficial a lamentar a postura da UEFA.

O que é cómico é que, não só o Benfica é derrotado em toda a linha, como fez questão de se ir meter neste processo para vir a ser derrotado, e no final vir o seu presidente a dizer que não foi nada uma derrota para o Benfica. Nesta altura, metade dos míticos 6 milhões levaram as mãos à cabeça.

Depois vem sem dúvida a pérola máxima: o líder espiritual do Benfica não queria que o clube fosse à Champions na eventual abertura de uma vaga pela suspensão do FCPorto. Isto, caros amigos, foi simplesmente magnífico. Nesta altura, a outra metade dos míticos 6 milhões levou as mãos à cabeça. Acho até que a outra metade, a que já tinha baixado os braços, levou novamente as mãos à cabeça. Bom, para dizer a verdade, acho até que, nesse momento, alguns milhões de cidadãos se terão tornado adeptos do Benfica só para participar e levar as mãos à cabeça.

Se já era patético o estrebuchar televisivo a que estávamos a assistir, a partir desse momento tornou-se hilariante, dando uma clara imagem do que é a mentalidade do cidadão LFV, tentando, depois de ter movido fundos e mundos e ter sido derrotado em toda a linha, uma sina no que diz respeito a confrontos com o FCP, dar uma imagem de cidadão íntegro e de elevada estatura moral.

Caro LFV, eu ficaria sim impressionado se tivesse dito isso antes de toda esta palhaçada jurídica porque, dizer isso nesta altura, apenas serve para dar uma imagem daquilo que é a sua mentalidade e a sua postura (recupero a propósito uma bela pérola: "a minha posição nesta postura é clara").

Depois desta, confesso, desliguei a televisão e fui tratar de assuntos mais importantes. Percebi que dali nada ia sair que se aproveitasse.

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