Uma equipa ainda em fase de desenvolvimento de automatismos num jogo onde as individualidades acabaram por desiquilibrar. É esta a leitura que se tira do jogo do passado Sábado na Figueira da Foz, frente à Naval 1º de Maio, onde o FCPorto conquistou os 3 pontos, "vingando" assim a derrota da época passada.
Com o mesmo 11 com que derrotou o Europeu Nacional, o FCPorto até começou bem o jogo contra a Naval, com grande dinâmica e acutilância, baralhando as marcações adversárias. O 1º golo do FCPorto, logo aos 8', aconteceu pois com naturalidade face à forma como as duas equipas entraram no jogo. Varela e Álvaro abriram espaço na esquerda, o português cruzou para a área onde Mariano assistiu Falcao e este, à "matador", atirou a contar.
No entanto, a partir daí, o meio campo do FCPorto desapareceu do jogo e a Naval chegou-se à frente. A equipa intranquilizou-se e Jesualdo efectuou algumas mudanças posicionais para tentar romper a teia navalista. Varela e Mariano trocavam de posições e até Meireles e Belluschi trocaram de posição a espaços. A defesa do FCPorto mostrou-se apesar de tudo segura, tanto que Helton resolveu agitar as águas com duas intervenções desastradas, mostrando falta de concentração que, não fosse a atenção dos companheiros, poderiam ter tido consequências piores que apenas o susto.
No entanto o guarda-redes redimiu-se depois com um par de boas intervenções, numa delas negando o golo a Simplício numa defesa instintiva com os pés.
Ao colectivo da Naval, as individualidades do FCPorto iam respondendo, sempre com Varela em plano de destaque e com Falcao a espreitar a oportunidade. O colombiano esteve até perto do 2º golo mas, bem pressionado por dois defesas adversários, falhou o alvo num remate dentro da área.
Após o intervalo a equipa voltou mais sólida, equilibrando a partida, chegando mesmo ao 2º golo num lance de contra-ataque bem elaborado, com Falcao, com um passe rasgado, a solicitar Varela e o melhor portista em campo a desmarcar-se no limite do fora-de-jogo (li algures que escandalosamente Varela tinha "o braço adiantado em relação à defesa"), a evitar o guarda-redes, marcando um golo aparentemente fácil.
De forma improvável a Naval voltou a equilibrar o resultado com um auto-golo de Rolando, que se tinha mostrado seguro ao longo do jogo, mas Farías, recém-entrado para o lugar de Falcao, repôs a tranquilidade com um lance oportuno e corajoso, após solicitação de cabeça por Cristian Rodriguez. Não fosse golo e poderíamos aqui ficar a reclamar duas grandes penalidades, uma por braço do defesa (e não de Rodriguez como vi muitos opinion-makers de meia tigela reclamar por aí) e depois outra pela acção do guarda-redes a "ceifar" Farías que ficou um bocado mal tratado na queda.
O jogo vale essencialmente pelo resultado pois constata-se que a equipa do FCPorto ainda tem um longo caminho a percorrer. Infelizmente o calendário volta a ser adverso e vários titulares vão agora ser incorporados nas suas selecções o que irá atrasar bastante a evolução do trabalho de Jesualdo.
Positivo:
Varela - Continua a ser, a par de Falcao, o grande reforço 2009/2010 do FCPorto, dando acutilância e profundidade ao ataque do tetracampeão. Mostra esforço e vontade de agarrar o lugar e agora que começa a perder a ansiedade que o tem impedido de ser mais eficaz, ainda por cima com a confiança que ganhou pela marcação do golo, poderá dar ainda mais à equipa. Grande reforço, recordo, a custo zero!
Falcao - 1 golo, quase 2, e uma assistência primorosa para o 2º. Lidera para já a tabela dos artilheiros do campeonato com a média de 1 golo por jogo à 3ª jornada. Tratando-se de um ponta-de-lança, já seria suficiente para não se lhe pedir mais mas Falcao dá ainda assim mais do que isso. Mexe-se muito na frente, procura a bola, colabora com a equipa... Não estarei a arriscar-me muito se disser que é de facto (mais) uma aposta ganha do FCPorto, justificando bem a sua contratação.
Sapunaru - O regresso do romeno saúda-se pois vem dar mais uma opção nas laterais numa altura em que Álvaro ainda revela lacunas na fase defensiva. Pessoalmente fiquei fã do romeno desde o último terço da época passada e pelos vistos não sou o único. Sem ter jogado a não ser no último Sábado, vai juntar-se aos trabalhos da Selecção Romena.
Farías - Num papel ingrato de eterno candidato a ser dispensado, Farías vai fazendo aquilo para que foi contratado: golos. Pode não ser um primor de jogador mas tem sem dúvida muita dignidade e pode ainda ser muito útil a Jesualdo esta época. Com uma linha avançada que conta com Falcao, Hulk, Mariano, Rodriguez e Varela, Farias assume-se como uma alternativa credível. Se viesse Kleber com o seu salário principesco, quem sairia para o brasileiro entrar?
Negativo
Meio campo - Deficiências de posicionamento, com Meireles ainda a acusar alguma inconsistência de rendimento, embora já tenha mostrado estar a subir de forma, e Belluschi ainda a aprender a defender, tendo contudo estado menos em evidência do que em ocasiões anteriores (terá sido pelas dimensões do campo?), salva-se Fernando que "limpou" o seu sector. Com esta paragem, Meireles vai novamente para a Selecção e deverá vir outra vez "rebentado" devido à sua personalidade que o obriga a não dar menos que tudo e mais alguma coisa em campo. Contudo, haverá também a possibilidade de trabalhar mais Belluschi e Valeri, integrando-os no modelo de jogo do FCPorto.
Helton - O "monstro" mostrou-se em duas ocasiões na Figueira da Foz, com duas intervenções displicentes do guarda-redes. Numa ainda alegou que teria sido ofuscado pelos holofotes do estádio mas depois voltou a criar "frisson" no estádio. Acabou por redimir-se de certa forma com algumas intervenções de boa qualidade, uma delas por instinto a evitar o golo da Naval. Que Helton teremos no próximo jogo? Os adeptos e o Beto estão atentos.
Mariano - Muito mal, excepto nos minutos iniciais do jogo, Mariano terá acusado mais que os colegas, a falta de espaço de manobra que se sente ao jogar na Figueira da Foz. Valeu pela assistência do 1º golo mas esperava-se mais do argentino.
3 Pontos e o 2º lugar atrás do Braga. Venha o Leixões!
Fotos:
1 comentário:
Se na semana passada gostei, ontem não gostei nada...ou melhor, gostei dos primeiros dez minutos, gostei do Varela e de alguns lampejos, na segunda-parte. No entanto e ao contrário do jogo frente ao Nacional, estavam reunidas as condições para fazermos um bom jogo: marcamos cedo, dominavamos, controlavamos a partida e jogavamos bem, só que, depois do 1-0, relaxamos, baixamos o ritmo, deixamos de jogar e a Naval cresceu, acreditou e não merecia ter ido para o intervalo a perder. Na segunda-parte, principalmente, depois da saída de Mariano, aconteceram os tais lampejos, fizemos o 2-0, controlamos, mas sofremos um golo que não estava nos planos. Valeu o 3-1 logo a seguir, para não termos sofrimento até ao fim.
Depois do que se viu ontem, podemos concluir, que a boa exibição frente ao Nacional, durante praticamente todo o tempo, só aconteceu porque o golo tardou e tivemos de fazer pela vida?
Se o golo frente aos insulares tem entrado mais cedo, ou se o Nacional não ficasse reduzido a nove jogadores, iamos ter a mesma atitude de recuar e deixar de jogar, à espera dos contra -ataques - perdão, das transições rápidas?
Não entendo, sinceramente...
Pensei que já estava mentalizado para este futebol, mas o jogo de ontem mostrou-me que não estou.
Um abraço
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