sábado, agosto 29, 2009

Liga dos Campeões - Analisando os adversários III

APOEL FC

Claramente candidatos a outsiders no grupo D da Liga dos Campeões, o APOEL é estreiante nesta fase da prova mas nem por isso deverá ser subestimado. O clube, que disputa os seus jogos em Nicósia no estádio
GSP, com capacidade para cerca de 23.000 espectadores, é o mais titulado da Liga Cipriota com 20 Campeonatos, 19 Taças e 11 Supertaças e possui um orçamento anual de 5 milhões de euros.

Na época passada o APOEL sagrou-se campeão cipriota com 82 pontos, mais 5 que o Omonoia, 2º classificado, e mais 15 que o Anorthosis, 3º classificado e participante na última edição da Champions.

Aliás, a performance do Anorthosis na Champions é o primeiro aviso do potencial do futebol cipriota. Recordo que este último clube conseguiu no ano passado obter 6 pontos no seu grupo, fruto de 1 vitória e 3 empates, ficando a 1 ponto do Werder Bremen, 3º classificado, e a 2 do Inter de Milão, 2º classificado atrás do Panathinaikos! De assinalar também que em Chipre, o Panathinaikos perdeu por 3-1, o Werder Bremen empatou 2-2 e o Inter empatou 3-3, sinais claros do que significa jogar no Chipre.

Para chegar a esta fase, o APOEL teve de disputar 2 pré-eliminatórias, para além do play-off, eliminando sucessivamente o EB/Streymur das Ilhas Faroé com duas vitórias por 3-0 e 2-0, o Partizan de Belgrado, com uma derrota por 1-0 em Belgrado e uma vitória por 2-0 no Chipre, e o FC Copenhaga, perdendo por 1-0 na Dinamarca mas retribuindo depois em Nicósia por 3-1.



Se à partida, fora de casa o APOEL terá poucas hipóteses, em casa os cipriotas terão com certeza uma palavra a dizer e poderão ser indirectamente decisivos no alinhamento da classificação final. Jogar no Chipre significa jogar num ambiente muito adverso, bem à maneira do que acontece nos estádios gregos ou turcos, onde encorajadas pelos seus adeptos, as equipas locais são capazes de se transcender.

O treinador é o sérvio Ivan Jovanovic que, com 47 anos e um currículo que se resume ao futebol grego e ao cipriota, regressou em 2008 ao clube, depois de uma passagem inicial entre 2003 e 2005, para conquistar uma Supertaça, uma Taça e um Campeonato.


Por Sectores

O APOEL não possui grandes nomes nas suas fileiras e a sua força assenta sobretudo na experiência e garra dos seus jogadores para além da sua capacidade de jogo colectivo. Também este clube aderiu à "onda portuguesa", contando actualmente com 3 nossos compatriotas: Nuno Morais, ex-Chelsea/Marítimo, Hélio Pinto, das escolas do Benfica, e Paulo Jorge, ex-capitão do Sporting de Braga. Os restantes jogadores são principalmente cipriotas e gregos, o que significa praticamente a mesma coisa. O APOEL actua num 4-5-1 que se desdobra num 4-2-3-1, retirando os espaços ao adversário no meio campo e privilegiando o contra-ataque.

Baliza: Na baliza do APOEL mora um dos pilares do título de campeão 2008/2009, Dionisis Xiotis. Este experiente guarda-redes foi titular no AEK de Atenas durante 7 anos tendo depois perdido espaço com a chegada do italiano Sorrentino. Acabaria depois por ter uma nova oportunidade no APOEL onde depressa caiu no goto dos adeptos.

Defesa: No playoff da Champions, o APOEL efectuou várias alterações na defesa de um jogo para o outro, uma delas forçada pela expulsão do defesa-esquerdo titular Haxhi. Trata-se de um quarteto com uma média de idades superior a 30 anos e que faz da experiência a sua maior arma. O holandês Broerse com mais de 260 jogos na primeira divisão holandesa, e Paulo Jorge, vieram acrescentar algo mais a este sector que, ainda assim, parece permeável nas alas e em lances de futebol aéreo.

Meio-campo: O meio campo assenta em dois trincos, que dão uma preciosa ajuda à coesão defensiva mas que nem por isso deixam de ir à frente fazer a diferença, como o fez Michail ao marcar 2 golos frente ao Copenhaga. O mais defensivo é o nosso bem conhecido Nuno Morais, também capaz de fazer a posição de defesa central, e que teve uma passagem pelo Chelsea, sendo depois cedido ao Marítimo. Nas alas, o veloz polaco Kosowski (cuidado Álvaro!) e Charalambides (médio que passou pelo Panathinaikos e pelo Carl Jeiss Jena da Alemanha) dão aceleração ao jogo da equipa, enquanto que no meio, o veterano 25 vezes internacional polaco Zewlakow, faz o papel de playmaker ou até de 2º avançado.

Ataque: O ponta-de-lança da equipa é o internacional sérvio Mirosavljevic, com 30 anos, jogador que sem ser goleador, consegue ser possante, abrindo espaços para os companheiros. Na última edição da liga cipriota obteve 10 golos em 39 jogos.


A eliminatória

O APOEL não vai ser, ao contrário do que muitos pensam, o bombo da festa, apesar de ser o mais que provável outsider na luta pelo apuramento, luta na qual poderá ser decisivo. O meu palpite é que nem todos irão conseguir vencer em Nicósia. O FCPorto deverá ser capaz de cumprir a sua obrigação no Dragão a 21 de Outubro e de ir, 2 semanas depois, buscar mais 3 pontos ao Chipre para ser capaz de aspirar ao apuramento, tendo em conta a meta dos 10 pontos. Uma coisa é certa, apesar de este clube deter o recorde de maior derrota nas provas da UEFA por 16-1, curiosamente às mãos do Sporting em 1963/1964, ninguém espere por grandes goleadas.

Os cipriotas nada têm a perder e vão deixar a pele em campo a cada jogo, sobretudo diante dos seus adeptos.



3 comentários:

dragao vila pouca disse...

Também sabes do Apoel?! Caetano tu és o máximo!


Um abraço

Orgulhoazulebranco disse...

Realmente,nem o Apoel escapa ao olho do Caetano! xD

É um erro crasso desvalorizar este tipo de adversários,e não acredito nem um bocadinho que o Porto olhe para o APOEL de uma forma displicente,que pense que é um adversário fraco.

Pessoalmente,sou sempre muito desconfiada em relação a estas equipas.Quanto mais estranho e desconhecido for o nome,mais torço o nariz.Muitas vezes,é aqui que se garantem e se perdem apuramentos.E num grupo tão equilibrado como o nosso,essa ideia ganha ainda mais força.

Essa dos dois trincos que dão muito apoio à defesa preocupa-me um pouco...tem que haver muita mobilidade e velocidade no meio campo-ataque.Se mastigamos o jogo eles chamam-lhe um figo.
Transições rápidas,pois claro.Um dos nossos pontos fortes e que,bem feita,pode causar imensos calafrios a essa tal defesa experiente e por isso não muito rápida e ágil,presumo eu.
Quanto ao ponta-de-lança sérvio possante,eu responde com o nosso defesa central português também possante.
Ambientes complicados?Já há muito que estou habituada a ver o Nosso Clube a não se amedrontar nos mais quentes e tensos ambientes,bem pelo contrário.

Mas não espero facilidades,de forma alguma!

David Caetano disse...

Nem me digam nada, que isto de investigar o APOEL deu cá um trabalhão... Ia aprendendo a ler grego! Mas pelo menos assim já não vamos "às escuras" para os jogos com os cipriotas.

Entretanto parece que perderam na jornada inaugural da Liga cipriota.

OrgulhoAB, à partida a força do ataque do FCPorto, deverá ser capaz de fazer a diferença. Se posicionalmente a defesa deles é forte, por outro lado será muito desestabilizada se o ataque adversário for muito dinâmico. Nisto acredito que um avançado como Falcao fará muito mais mossa que um avançado como Anelka.


A ver vamos... sem facilidades. :)