quinta-feira, julho 07, 2005

A nova ambição



Jorge Maia, n' O Jogo:

"Há cerca de dois anos, um par de meses depois de ter ganho a Taça UEFA, o campeonato e a Taça de Portugal correspondentes à época 2002/03, José Mourinho escusava-se a repetir a promessa de ser campeão. E recusava-se por dois bons motivos: por um lado, porque não seria original e a banalidade sempre lhe causou calafrios e por outro, porque não sabia até que ponto os seus jogadores teriam ficado saciados com os títulos acumulados na época anterior. A eloquente resposta dos jogadores chegou alguns meses mais tarde com a repetição do triunfo no campeonato e a vitória histórica na Liga dos Campeões para juntar a duas Supertaças. E foi assim que a maior parte do plantel portista começou a última temporada: tão inchado, com a barriga tão cheia que simplesmente não se conseguia mexer. Pois bem, duas vassouradas mais tarde sobram muito poucos jogadores desses que estavam cheios de ganhar. Os reforços contratados esta temporada chegam de barriga vazia e mãos a abanar com a honrosa excepção de Sandro, "capitão" do Setúbal na final da Taça de Portugal ganha ao Benfica. Dos que transitam da última temporada resta uma mão-cheia de campeões europeus, uma espécie de núcleo duro, os insaciáveis. Jogadores como Vítor Baía e Jorge Costa, que já tinham ganho tudo antes de Mourinho, que ganharam mais alguma coisa com ele e que continuam com a mesma fome de títulos de sempre. Por outras palavras, este plantel do FC Porto está pronto para abocanhar a próxima temporada "


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  • A Bola
  • 8 comentários:

    David Caetano disse...

    Concordo apenas em parte... Vejamos: mudámos de treinador quando após um mês de experiencia vimos que tínhamos contratado um sujeito com ideias no mínimo... exóticas. Despachámos Paulo Ferreira, Ric. Carvalho, Pedro Mendes, Deco... Eu pergunto, destes jogadores apontem-me um só que tenha perdido a vontade de ganhar! Jovens e dedicados é o que estes jogadores são. Depois despachámos o Derlei que começou a época no estaleiro devido a uma entrada que de amigável pouco teve num jogo de preparação com os reclusos do Bessa. Há alguém que tenha dúvidas sobre o facto de o Derlei ter ambição e vontade suficientes para meia equipa? Há dúvidas sobre o seu profissionalismo?

    Chegou Fernandez. Nova filosofia, sem dúvida um bom rapaz. Mas e pulso? E disciplina? Entretanto, chega mais um contentor de jogadores ao porto de Matosinhos dos quais só o Ibson se aproveita. Construir uma equipa com jogadores totalmente novos em pré-época já é um desafio. A meio da época é complicado... no mínimo.

    Sai Fernandez, que mesmo assim ganhou 2 troféus: a Supertaça Candido de Oliveira e a Intercontinental que injustamente foi a penalties devido ao azar dos postes que esteve presente em muitos momentos da época. Quantas vezes Fabiano e Postiga atiraram aos ferros? Como teriam sido diferentes as coisas se a trajectória fosse de apenas alguns centímetros mais para o lado...

    Depois, à falta de resultados, vem a desestabilização mental que teve os seus focos em Benny McCarthy e... Jorge Costa, se bem que o 2º beneficiou do facto de ser um jogador-instituição. O Benny lá levou com os tão famosos sumaríssimos que uma direcção da Liga, que dizem as más línguas, tinha uma componente muito vermelha, como que a fazer jus às palavras do Orelhas "Ao Benfica interessam os lugares na Liga". Estranho é constatar que o sumaríssimo é mais célere e fácil quanto menos vermelha for a camisola...

    Por outro lado o Jorge Costa, de quantos cartões se livrou ele esta época?

    Claro que ele e o Baía são duas referências do plantel pela dedicação e vontade de vencer. Mas por vezes, e mais no caso do Jorge Costa, as pernas deixam de conseguir acompanhar a vontade... a prova disso é que o melhor central da época foi mesmo o Pedro Emanuel!

    É injusto apontar culpas aos jogadores que venceram tudo o que havia para vencer nas duas últimas épocas. É fácil fazê-lo mas ainda assim muito injusto.

    JFFR disse...

    Penso que o artigo se refere à perda ambição, mas no FCP. Se fores a ver, muitos dos que saíram (Deco, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Alenitchev...), ganharam cá TUDO. Esgotou-se. E é assim num clube como o FCP, que para nós pode ser o maior do mundo mas que inevitavelmente não faz parte dos gigantões endinheirados e das ligas milionárias.

    Sinceramente, acho que a saída deles era inevitável, o que não invalida que a época seguinte teria, obviamente, que ser muito melhor planeada. E coisas estranhas não faltaram, como dizes sobre o Derlei. Escorraçámos um símbolo do clube incompreensivelmente. Para mim, o Ninja continua a ser uma das melhores memórias deste fabuloso Porto 2002-2004.

    Penso que o erro maior foi ter começado mal, com uma péssima escolha para treinador, o italiano. E a partir daí, a asneira foi contínua. Acredito que se o presidente tivesse acertado à primeira, o cenário hoje seria bem diferente.

    Mas concordo genericamente com o que diz o artigo. E quero acreditar fervorosamente que este grupo vai mesmo atacar em força.

    David Caetano disse...

    A ver vamos... Se bem que ainda sou da opinião de que não se pode exigir muito ao plantel em geral. Há muitos jogadores experientes é certo mas temos de ver que a grande maioria do plantel é formada por jogadores muito jovens. Dou o exemplo do Ibson com 19 e do Diego com 20 que são considerados jogadores-chave...

    Sobre o facto da perda de ambição, não te esqueças que o FCPorto conseguiu ainda há bem pouco tempo ser PENTAcampeão nacional, mérito de um lote de jogadores muito bons e ESTABILIDADE directiva / técnica.

    JFFR disse...

    Pois é, mas vencer a Liga dos Campeões é incomparável a vencer campeonatos em Portugal. ;)

    David Caetano disse...

    Nem eu me atrevo a estabelecer a comparação mas o facto de ser uma prova comparativamente inferior, à partida provoca ainda menores índices de estímulo ou não? Mas como é que se mantém motivado um grupo para ganhar uma prova durante 5 anos consecutivos?

    JFFR disse...

    hehe

    A questão é que não é só uma Liga dos Campeões: são também dois campeonatos nacionais, uma Taça UEFA, e mais umas tacitas internas.

    Com o Penta, tens uma data de jogadores-adeptos a jogar por amor à camisola: Jorge Costa, Aloísio, Paulinho Santos, Domingos, Rui Barros, mesmo o Drulovic e outros.

    Na era Mourinho, a equipa do FCP projectou-se a nível internacional de forma espectacular. Com tantos milhões a acenar do estrangeiro, acredito que se acabe a motivação para muitos deles. Que fazer? É assim o mundo da bola de hoje!

    (waiting for reply) :P

    David Caetano disse...

    A maioria daqueles a quem os milhões acenaram foram embora logo no início da época. Sobraram do núcleo duro: Vítor Baía, Jorge Costa, Pedro Emanuel, Ricardo Costa, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Derlei e McCarthy. Destes, a quais achas que se terá acabado o estímulo para vencer? Baía e Costa? Não me parece... e sei que concordas. Pedro Emanuel? Pelas exibições esforçadas dele não creio. Ricardo Costa? O rapaz é todo F.C.Porto e não rubricou também uma época de bom nível (quando jogava)? Nuno Valente? O coitado do homem passou o tempo todo no estaleiro!

    Depois temos Costinha e Maniche. Aqui há que ter mais cuidado na análise. São ambos jogadores que sofreram várias lesões, sendo o Maniche o caso mais gritante, que por ser um jogador tão influente nem sequer lhe era dado tempo para recuperar embora eu admita que ele possa ter jogado contrariado por não ter ido embora com o resto dos "campeões". Ainda assim, quando jogava, mesmo com meia perna, notava-se a diferença.

    Quanto ao Costinha, depois daquela lesão em Guimarães para a Taça, numa jogada que nem sequer motivou sumaríssimo... (porque é que será?), não fez uma época muito especial. Contudo, notava-se que estava muito desapontado pelo rendimento global da equipa e viu-se todo o seu orgulho quando marcou aquele golo, ainda em Guimarães, e disse ao Mundo que o F.C.Porto é que era o campeão!

    Contudo, estes 2 jogadores fizeram todos os jogos do Euro'04. Tal como Seitaridis e o Postiga, com menor frequência. Que rendimento tiveram? Que rendimento teve por exemplo a metade da equipa chamada Miguel daquele clube ali de Lisboa? O Euro mexeu muito com vários jogadores, e acho que estes 4, vá lá 3 se descontares o Postiga, sofreram as consequências da quase ausência de férias.

    Continuando, temos depois o Derlei. Já comentei este caso. Não creio que hajam dúvidas sobre o profissionalismo deste jogador.

    E depois temos o McCarthy. Este é que se passou e parece que ficou com vontade a mais! Mas será por não ter saído? Na altura parece-me que lhe disseram que não contavam com ele e por isso compraram o Fabiano e o Postiga.

    Volto ao artigo.
    Equipa de barriga cheia? Continuo a não concordar. Culpa sim de um mau planeamento de época, de reforços mal escolhidos e com péssimo timming, (já agora, onde já se viu jogadores chegarem e serem logo titulares?), e dos reforços que se aproveitavam, tratavam-se de jogadores ainda muito jovens que pagam a factura disso mesmo. Como se pode pedir ao Diego, com 20 anos, que também não tendo tido férias, chegue ao Porto e substitua o Deco, que também so se afirmou muito depois de chegar a Portugal e mesmo no Porto demorou algum tempo?

    JFFR disse...

    Baía e Costa não são jogadores da era Mourinho, são jogadores de sempre no FC Porto. Acredito que se pudessem jogar mais vinte anos pelo FCP, teriam sempre a mesma ambição e conquistariam outras vez todos os troféus. Ricardo Costa, pelo seu trajecto, é um jogador que deverá seguir o mesmo caminho.

    Que jogadores da era Mourinho ficaram? Três dos mais importantes são precisamente Maniche, Costinha e Benni McCarthy, que quiseram sair. É inegável. O Ministro, que teve uma época abaixo do normal, sempre se apresentou com a mesma dignidade assinalável e foi um orgulho tê-lo na equipa, mas também quis ir para outras paragens.

    Derlei é um caso à parte, que a SAD e os SuperDragões trataram de "resolver", por isso nem vale a pena trazer para esta análise.
    Nuno Valente, pelo tempo que passou no estaleiro, idem aspas.

    Porque foi Pedro Emanuel, um jogador trazido por Mourinho em 2002/2003, o melhor defesa da equipa? Talvez por não ter sido primeira escolha nos dois anos anteriores, apesar de ter dado muito jeito. Este ano, agarrou o lugar e foi herói em Yokohama, para além daquele corte extraordinário em Milão contra o Inter. A minha vénia ao P. Emanuel.

    Penso que metade da equipa (dos que jogavam mais vezes) de Mourinho foi desfeita, ficou pouco mais da outra metade, e metade dessa metade praticamente não jogou. Os que saíram para grandes clubes estão ainda na casa dos vinte; o Maniche tem mais ou menos a mesma idade, o Costinha não queria perder a oportunidade de fazer um contrato milionário e o McCarthy sempre com a ânsia de ir para Inglaterra (e não esquecer que o P.Emanuel, pelo contrário, já está nos trintas e nunca teve propostas de saída).

    Houve uma mistura de jogadores históricos e jogadores das duas épocas maravilhosas com a enxurrada de putos que contrataram para o clube. Transição mal feita, jogadores insatisfeitos, a juntar a todo o resto de problemas que se conhecem.

    Este ano, não há Maniche nem Costinha, o Derlei também já cá não está, falta saber se vai o McCarthy (não havendo grandes propostas, sou favorável à sua permanência).
    Da equipa Mourinho (sem contar com os históricos e a incógnita Benni), não resulta praticamente nada. É mesmo como começar de novo e penso que com uma nova motivação.