
Já são conhecidos os números das audiências das entrevistas simultâneas de ontem a Pinto da Costa e a Luís Filipe Vieira que, descobriu-se ontem, não é cego nem analfabeto.


a) um grego com mau feitio a ir às canelas de um brasileiro talentoso

Caros leitores:
Crendo talvez que a eliminatória fosse de outra forma demasiado fácil de ultrapassar, Jesualdo decidiu mostrar à Europa do futebol a sua genialidade e inventou um novo trinco. Sem rotinas no lugar, a inclusão de Nuno Coelho partiu o FCPorto ao meio deixando espaço livre que o meio campo contrário agradeceu. Fucile, por outro lado, na sequência da inesquecível exibição de Alvalade, voltou a ser decisivo conseguindo estar em 4 dos 5 golos com que o Arsenal hoje despachou o FCPorto.
É certo que a tarefa não se afigurava fácil. A juntar a um resultado demasiado curto na primeira mão, o FCPorto jogava num estádio onde, em 23 jogos nesta época, apenas Chelsea, Manchester United e Everton não haviam perdido. No entanto, nada fazia prever que Jesualdo fosse capaz de dar tamanho tiro no pé como fosse o de incluir, numa posição nevrálgica, um jogador sem qualquer rotina no lugar. Irónico que, num dia em que se assinalava o 6º aniversário do empate em Manchester de 2003/2004, o treinador do Porto tenha preferido fazer recordar outro jogo com o Manchester que, na altura, queimou um jovem jogador chamado Costa.
É evidente que Tomás Costa, pelo que se tem visto, não oferecia garantias para este jogo mas tendo um jogador como Raúl Meireles, capaz de dar ordem ao meio campo, já com experiência no lugar de médio mais recuado e com excelente capacidade de passe para fazer a 1ª transição de movimentos de ataque, não se compreende como não tenha sido essa a opção inicial. Assim, o que se viu na primeira parte, foi um FCPorto aos repelões, sem fio de jogo, onde os únicos que davam nas vistas pela positiva eram Helton, que ia evitando males maiores, e Falcao que com um coração enorme, era o jogador que mais luta dava aos adversários.
Com 2-0 ao intervalo, Jesualdo finalmente resolveu mexer retirando Nuno Coelho e fazendo entrar Rodriguez e nas mexidas que fez no figurino da equipa até resultaram mas… Wénger mostrou sagacidade e matou o jogo ao fazer entrar Eboué que, num contra-ataque marcado por (mais) uma intervenção infeliz de Fucile, fez o 3-0.
A partir deste momento, era o tudo ou nada para o FCPorto que teria de marcar rapidamente para voltar à discussão da eliminatória só que, mais uma vez, foi o Arsenal a chegar ao golo e a arrumar definitivamente a questão (se não estava já). Para o objectivo de final de jogo, o de procurar pelo menos o tento de honra que permitisse ao FCPorto sair com algum orgulho do Emirates, Jesualdo resolveu ser criativo e fez entrar dois pesos pesados de futebol de ataque: Mariano e Guarín, por troca com Ruben Micael e Varela. O jogo morreria por ali não fosse mais uma intervenção infeliz de Fucile a dar de bandeja uma grande penalidade que o Arsenal não desperdiçaria.
No espaço de uma semana, o FCPorto vê as suas frentes reduzidas a metade, correndo sérios riscos de não ir à Liga dos Campeões da próxima época, sobrando esta época a Taça da Liga e a Taça de Portugal como objectivos.
O FCPorto é neste momento uma equipa sem ideias, sem liderança, à deriva, tendo perdido o estado de graça em apenas 2 semanas. Claramente o ciclo de Jesualdo chegou ao fim e não haverá próxima época.