segunda-feira, novembro 23, 2009

À boa moda portuguesa

Fotografia de um terreno um pouco mais praticável que o do estádio de Oliveira de Azeméis.

Como já todos esperavam, todos menos talvez a Federação Portuguesa de Futebol, o jogo entre a UD Oliveirense e o FCPorto a contar para a Taça de Portugal, foi adiado devido às condições em que o terreno se apresentava e por decisão do árbitro Bruno Paixão. O caso é tão insólito que até chega ao ponto do ineditismo de uma decisão de Bruno Paixão com que a esmagadora maioria dos adeptos do futebol concorda e aplaude. O que mais impressiona neste caso é a falta de profissionalismo que, curiosamente, calhou ao FCPorto já que em outros casos nada comparáveis para melhor, foi fácil arranjar a solução de ir jogar ao Restelo em vez da Caparica ou a Torres Novas em vez de Monsanto.

Bruno Paixão no exacto momento em que encontra o único tufo de relva sem lama no estádio, num altura em que já se inclinava para decidir cancelar o jogo. A dúvida é evidente no rosto do árbitro.

Nitidamente a imagem da Federação sai manchada deste caso já que era a ela que caberia tomar a iniciativa de encontrar uma solução para o imbróglio. Quanto à Oliveirense jogou com os seus próprios interesses tendo em conta que, num terreno destes, o jogo se transformaria numa autêntica lotaria onde a vantagem da técnica dos jogadores do FCPorto seria anulada.

Em todo o processo, a única parte que se portou com total profissionalismo foi mesmo o FCPorto que não se cansou de apontar o estado deplorável do terreno e a preocupação que o mesmo causava perante a perspectiva de um agravamento das condições climatéricas. Pelos vistos, só mesmo o FCPorto se deu ao trabalho de consultar o boletim meteorológico. A Federação preferiu escudar-se no facto de se tratar um terreno licenciado pela Liga ignorando aquilo que saltava à vista e refugiando-se em argumentos em que referia que em Portugal há muitos terrenos em péssimas condições e que a Taça obriga a jogos em locais semelhantes. Mas então porque é que o Benfica jogou em Torres Novas contra o Monsanto e o Sporting defrontou os Pescadores no Restelo??

Aspecto parcial de um terreno de cultivo de arroz, típico da agricultura local de Oliveira de Azeméis. Na foto é possível observar um agricultor local procedendo à fertilização da plantação.

Se tivesse mostrado disponibilidade e BOA FÉ, a Federação poderia ter sido parte da solução ao contribuir para encontrar uma solução alternativa e, neste momento, estaria tudo resolvido em relação a esta eliminatória da Taça. Não o fez e agora eu pergunto: Sairá mais barato à federação e aos clubes envolvidos a organização de dois jogos para disputar apenas um? O jogo será mesmo em Oliveira de Azeméis, no tal estádio licenciado pela Liga?

Outro argumento interessante usado pela Federação foi o de não se poder confundir um jogo entre clubes com um jogo entre selecções, isto na sequência da acusação por parte do FCPorto de a Federação ter dois pesos e duas medidas após esta ter protestado contra as condições em que decorreu o jogo na Bósnia entre a selecção local e Portugal.

Que moralidade tem uma instituição em reclamar de um facto que deixa acontecer em sua própria casa e, diga-se em abono da verdade, em condições muitos piores do que aquelas com que a selecção se deparou na Bósnia. Sr Madaíl, o FCPorto pode não ser a selecção mas é um clube que fornece jogadores para essa Selecção que tanto defende e, por acaso da sorte, até fornece jogadores decisivos como foram Bruno Alves e Raul Meireles.

Um jogo de futebol é um jogo de futebol e tem condições mínimas exigíveis e se é verdade que em muitos locais do país há campos piores, não há nesses campos jogos onde os adeptos tenham de pagar 22 euros de bilhete de entrada.

É inacreditável que tenha sido necessário dar entrada ao público, que as equipas tenham feito aquecimento(?), que a polícia tenha instalado um dispositivo de segurança (que de pouco serviria caso houvesse problemas num estádio sobrelotado) para que a poucos minutos da hora marcada para o início do jogo, o Sr Bruno Paixão tenha constatado o óbvio: o terreno não tinha condições mínimas para a prática de um jogo de futebol. Só a Federação não percebeu ou fingiu que não percebeu quiçá porque não tem mais que fazer que calendarizar jogos suplementares perfeitamente desnecessários se houvesse bom senso e boa fé.

PS - O tal licenciamento da Liga em que a Federação se escuda podia dar pano para mangas se quiséssemos pegar num facto tão curioso quanto interessante para o qual o meu amigo Vila Pouca chama a atenção no seu blog. Será que o facto do Presidente da Liga ser natural de Oliveira de Azeméis e de ter estado ligado durante largo período ao clube tem alguma coisa a ver com o licenciamento? Prefiro não ir por aí...

3 comentários:

dragao vila pouca disse...

Caro Caetano, à mulher de César não basta ser séria...Há campos nos regionais da A.F.do Porto, em muito melhor estado que aquele campo. Diz quem conhece que não é só o relvado, mas todas as instalações e se fosse outro clube o estádio não tinha sido licenceado pela Liga. O Portimonense na época passada quando teve problemas no estádio e quis ir jogar para o Alvor, parece que não pôde porque a Liga obrigava a grandes obras...

David Caetano disse...

Só coincidências Vila Pouca, só coincidências... ;)

Anónimo disse...

estejam mais atentos o presidente da liga não é só natural de oliveira de azemeis tambem é o presidente da camara... não sejam tão inclinados nas opinioes