O sr. João Cartaxana, provedor dos leitores do "jornal" Record, escreve hoje assim na sua sempre isenta coluna: "O sr. Olegário Benquerença é hoje um homem enquerençado com a sua famigerada arbitragem do Benfica-FC Porto, em que conseguiu, de um golpe, virar um resultado de 2-1 para 0-1".
Cá está a prova de como a macacada continua (e não é de estranhar que o Record seja o mais lido neste país de macacadas). A bola que ainda hoje ninguém conseguiu provar ter entrado totalmente na baliza do FCP + um lance passível de grande penalidade entre Seitaridis e Karradas de Azar, que Cartaxana, 8 meses depois e com grande clarividência, tem a certeza que seria convertida em golo = naturalmente, 2-1 para o SLB!
Este jogo Benfica- FC Porto continua a fazer, e fará durante muitos anos, parte do imaginário do país porque, para além de 14 milhões de benfiquistas (segundo os últimos estudos) a berrar "ROUBO!", a comunicação social portuguesa equivale, na sua grande maioria, a jornalismo badalhoco.
Sugiro aqui um exercício: vamos recuar uns anos no tempo, mais precisamente até à época 1999/2000, e mais concretamente a um mesmíssimo Benfica-FC Porto jogado na antiga catedral, que os da casa venceram pela margem mínima. Que aconteceu nesse jogo? Ninguém se lembra. Porquê? Porque a bola que entrou e não foi validada, nesse ano, aconteceu para o lado contrário. Mais concretamente, uma bola do Clayton metida na baliza do Ovchinnikov que não contou e, neste caso, a bola realmente entrou inteirinha. Alguém se lembra? Esse lance nem sequer chegou a fazer manchete e ficou para sempre enterrado no baú do esquecimento. Curiosamente, foi nessa época também que o FC Porto perdeu o campeonato para o Sporting (e aconteceu também nesse ano a vergonha de Campomaior).
Nunca mais me esqueci desse lance, mas para os jornais e as tvs foi tudo na boa. O sr. João Cartaxana não mencionou nunca essa bola do Clayton, mas daqui a 6 anos ainda estará a falar do Benfica-FC Porto desta época. Jornalismo badalhoco.
O homem, por certo, tem memória fraca ou então custa-lhe fazer a mesma análise para outros lances.
Eu atrevo-me a completar e enriquecer a coluna do sr. Cartaxana, usando a mesma lógica (tipo lance para penálti = golo), para que o jornalismo badalhoco possa ser um bocadinho menos badalhoco (eis-me em plena acção de serviço público): no jogo Benfica-Rio Ave, o árbitro conseguiu transformar o resultado de 1-3 para 3-3 (Simão, dois golos em fora de jogo); no Benfica- Estoril, o árbitro conseguiu transformar um resultado de 1-1 em 2-1 (Karradas de Azar, um mergulho ridículo para a piscina); no Nacional- Benfica, o árbitro conseguiu transformar um resultado de 1-1 (penalti para o Nacional não assinalado logo aos 3 minutos) para 0-1; no Benfica-U. Leiria, o árbitro conseguiu transformar um resultado de 0-1 para 1-1 ("falta" ridícula sobre Petit a dar em golo); no Estoril- Benfica, o árbitro conseguiu transformar um resultado de 2-0 em 1-2 (penalti não assinalado contra o Benfica e "falta" ridícula - mais uma - sobre Petit a dar em golo); no jogo Benfica- Belenenses, o árbitro consegue transformar o resultado de 0-0 em 1-0 (penalti contra o Belenenses que... no comments).
Da prestação do SLB na Taça de Portugal (Benfica-Oliveirense, Benfica-Sporting, Benfica- Beira Mar e, last but not least, Benfica- Vitória de Setúbal), nem vale a pena dizer nada.
Foram "tantos e tão bons" casos! É pena que naquele jornal, e um pouco por toda essa imprensa vermelhusca de Portugal continental, vejam tudo sempre para o mesmo lado. Mas nem tudo é mau em Record. Um dos colaboradores desse jornal, Fernando Ferreira (que é redactor principal da Sábado), é benfiquista e diz na sua revista: "Não quero ser campeão assim". Bem haja!
2 comentários:
Queres casar comigo? :D
Que honra! É a primeira vez que me fazem tal pedido!
:))) **
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