quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Sevilha 1 x 2 FC Porto - Vitória da raça e do querer!

O FC Porto conseguiu hoje num ambiente muito adverso uma vitória extraordinária que lhe abre as portas do apuramento para a próxima eliminatória. Contra um Sevilha extremamente pressionante e acutilante, sobretudo pelas alas, os jogadores foram solidários e de um brio enorme. Na próxima semana há novo jogo onde se espera um Dragão a rebentar pelas costuras no regresso de Falcao e Álvaro Pereira em pleno!

Em primeiro lugar há que destacar a forma como o FC Porto entrou no jogo. Villas-Boas optou por poupar Álvaro, deixando-o no banco, e Falcao, que foi para a bancada. É óbvio que parecerá fácil dizer agora, à luz do resultado, que foi um excelente acto de gestão mas já antes do jogo era a favor da poupança de ambos, já que tinham recentemente regressado aos treinos e não estariam na melhor forma. Daqui a uma semana a conversa será outra e fariam logo à partida mais falta para virar um resultado adverso do que para um jogo onde poderia arriscar um esforço que levasse a uma recaída.

Como dizia, destaco a forma como o FCPorto entrou no jogo, fazendo com que os primeiros 5 minutos fossem jogados no enfiamento da área do Sevilha cujos defesas pareciam desorientados. Pensou-se que o FCPorto fosse ali encontrar o mesmo Sevilha que defrontou há uns meses atrás o Braga mas assim não aconteceu. A pouco e pouco, os andaluzes foram entrando no jogo e sacudiram a pressão do FCPorto, fazendo com que a primeira parte fosse algo dividida, com raras oportunidades claras de golo. Neste período o Sevilha ameaçou pelas iniciativas de Fabiano que conseguiu por duas ou três vezes aparecer nas costas da defesa portista, mas com Rolando a mostrar serviço e a safar sempre e muito bem in extremis.


Na segunda parte, a pressão do Sevilha foi sufocante. Ainda mais acutilante pelas alas, os andaluzes deram água pela barba aos defesas portistas. Sapunaru ficou muitas vezes nas covas e do outro lado Fucile teve também dificuldades, sobretudo a partir da entrada de Negredo mas nunca virou a cara à luta e teve intervenções verdadeiramente decisivas.

O meio campo azul e branco andou um bocado à deriva neste período, sendo que parecia que os médios procuravam o melhor posicionamento, deixando sempre zonas vazias onde os sevilhanos se movimentavam. Por outro lado, quando recuperavam a bola, eram logo sujeitos a uma intensa pressão adversária que levava frequentemente à sua perda. Na frente Hulk era um homem arredado do jogo, embora por vezes fosse dar uma ajuda preciosa no aspecto defensivo.

Curiosamente, foi num período de maior assédio do Sevilha, e quando Villas-Boas já tinha Cristian Rodriguez pronto para entrar em campo para ajudar a segurar o ataque do Sevilha no lado esquerdo da defesa azul e branca, que o FCPorto chegou ao golo na marcação de um livre. James Rodriguez cruzou com conta, peso e medida para a "zona de ninguém" entre a defesa e o guarda-redes onde apareceram Otamendi e Rolando completamente isolados, com o português, no limite do fora-de-jogo, a desviar para o fundo da baliza de Palop.


No entanto, não durou muito a vantagem do FC Porto. 6 ou 7 minutos depois, Kanouté restabeleceu o empate de cabeça, após cruzamento da esquerda. No salto, o maliano apoiou-se no entanto em Otamendi, impedindo o argentino de saltar, motivo mais que suficiente para ser assinalada falta no ataque. Infelizmente, o árbitro, que andou um bocado perdido durante todo o jogo, não viu e o golo contou mesmo. Otamendi viu-se e desejou-se na luta contra Kanouté.

Aqui o FC Porto tremeu e só por sorte e pela atenção de Helton não sofreu o 2º golo. Na retina fica um falhanço na emenda de Kanouté, quando não tinha ninguém entre ele e a baliza.

Para segurar o jogo entrou Guarín mas ainda assim não foi suficiente para sacudir a intensa pressão sevilhana. O FC Porto só voltaria a dar um ar da sua graça a cerca de 15 minutos do final, num remate de Hulk na marcação de um livre directo, que deixou Palop com as luvas a arder.

Só que acabou por ser o seu próprio frenesim atacante a ser fatal para o Sevilha. Numa saída precipitada dos andaluzes para o ataque a partir da defesa, a bola foi cortada por Belluschi e sobrou para Rodriguez que, com sorte num ressalto acabou por se isolar diante de Palop que ainda assim fechou bem o ângulo. A bola acabou por sobrar para o melhor sítio possível: os pés de Guarín que não perdoou e fechou um excelente resultado para o FC Porto!

Num jogo onde a equipa azul e branca não jogou bem e chegou a ser dominada de forma sufocante, há que realçar a entrega e o brio dos jogadores que nunca viraram a cara à luta e souberam aproveitar as oportunidades que tiveram. Com pragmatismo, o FC Porto trouxe de um dos grandes palcos do futebol europeu, contra um adversário de monta que se encontra, numa época aquém das expectativas, em 8º lugar do campeonato espanhol, um grande resultado que lhe abre as portas da próxima eliminatória onde se perfila o CSKA de Moscovo como mais provável adversário. A confirmar-se o apuramento, será o reencontro com a equipa moscovita, e mais um confronto de Liga dos Campeões em perspectiva.

"Poooorto!!!"
Fotos: UEFA

2 comentários:

austria87 disse...

Olá
Rolando para a próxima eliminatória.
SEMPRE FC PORTO.

dragao vila pouca disse...

É assim que se joga na europa do futebol, fora de casa e frente a boas equipas. Coesão defensiva - abamos algumas vezes, é verdade, principalmente pelas laterais, mas nunca estivemos em desespero e só uma vez caímos - espírito de sacrifício, para saber resistir à pressão, saídas rápidas para o ataque e aproveitamento das oportunidades.

Frente a um Sevilha de pelo na venta, com a tradicional fúria espanhola, recheado de bons jogadores e a jogar a época neste jogo, a equipa de André Villas-Boas foi competente, equilibrada, organizada, discutiu o jogo, mais na primeira que na segunta-parte, é verdade, mas esteve sempre a um nível que se pode considerar aceitável, atendendo ao valor do adversário e sem esquecer um árbitro fraco, complicativo, que não contribuiu para que o jogo fluísse melhor.

Sem Falcao - falarei do colombiano nas notas finais - e com o tradicional 4x3x3, o que obrigou Hulk a jogar pelo meio, a equipa azul e branca entrou bem no jogo - nestas partidas, como isso é importante!, dá confiança e deixa o rival em cuidados -, dominou, controlou, criou alguns lances de apuro na área sevilhana e nunca esteve em perigo de ser surpreendida. Se se pode considerar o nulo um resultado correcto, a haver alguém que merecia chegar ao descanso em vantagem, era o F.C.Porto.

A etapa complementar foi pior jogada e muito mais sofrida por parte da equipa portista - tenho para mim e por mais absurdo que possa parecer, que aquele sururú e a paragem de vários minutos que se lhe seguiram, espevitaram o Sevilha, público e equipa e perturbaram o conjunto de Villas-Boas. A partir daí a equipa azul e branca teve dificuldades em ter bola, em controlar o jogo, em sair para o ataque, sofreu, mas teve a sorte do jogo e marcou na primeira oportunidade e numa altura em que o conjunto da Andaluzia era mais perigoso. Se a vantagem portista, de alguma forma era injusta, a justiça no resultado apareceu passado pouco tempo e fez a equipa espanhola acreditar que podia vencer, continuando a pressionar, a atacar e colocar a equipa portista em dificuldades.
Mas Villas-Boas estava atento: vendo que Rodríguez pouco mais trouxe que o jogador que substituiu e com Varela a perder gás, o técnico portista fez entrar Guarín para o lugar do internacional português e com isso equilibrou a equipa, ganhou força, poder de choque e um jogador capaz de pressionar mais alto. Veio a colher os frutos e a ser feliz, com o colombiano a marcar o golo da vitória a 5 minutos do fim, resultado que pode ser injusto para o Sevilha - talvez o empate estivesse mais certo -, mas nestas provas a eliminar, é preciso e como dizia anteriormente, aproveitar as oportunidades, saber sofrer e ter sorte.

Notas finais: o resultado é excelente, mas, atenção!, a eliminatória ainda não está resolvida. Cautelas, caldos de galinha e um público - por falar em público, parabéns aos que foram a Sevilha. Estiveram fantásticos. Com adeptos destes, o F.C.Porto nunca caminhará sozinho! - a apoiar sempre, acredito, vão colocar o Dragão nos oitavos-de-final.
Radamel Falcao não estava a 100% e naturalmente não jogou, nem esteve no banco. Não podemos correr riscos se queremos o colombiano para o resto da época e não apenas para um jogo, para mais um jogo com estas características e que pedia 101%. Com lesões graves e nos joelhos, não se brinca Fizemos bluff?, talvez, mas qual é o problema?
Talvez seja injusto para alguém, mas só vou destacar Rolando. Fez um jogo fantástico e marcou um golo importante.
E vão nove jogos e oito vitórias e um empate. Pedir mais, seria um exagero...

Um abraço