Rescaldo da Jornada da Liga dos Campeões

FCPorto

Mais um jogo aflitivo do bi-campeão, ganho in-extremis num lance paradigmático: Lucho falha o passe, Quaresma falha o remate e... Golo! Num ambiente fantástico, onde parecia que as bancadas estavam repletas de Neo-Zelandeses interpretando o Haka, o FCPorto só não chegou ao intervalo a perder porque a pontaria dos turcos foi lamentável (e ainda bem). Por outro lado, só na segunda parte o FCPorto conseguiu um remate à baliza!

A viver das iniciativas de Quaresma (as tatuagens vão disfarçar as nódoas negras) e Bosingwa (que com um esforço de 90 minutos admirável, fazia questão de percorrer todo o terreno para ir entregar a bola aos defesas turcos), o meio campo do FCPorto esteve ausente durante boa parte do jogo. Quem não esteve pelos ajustes foi o Bruno Alves que mostrou à nação turca que não tinha respeito algum por eles.

Mais uma vez Jesualdo esteve ao seu nível habitual e, contra uma equipa quase toda em Ramadão, mostrou uma coragem quase suicida, comparativamente ao que temos visto, ao fazer entrar Leandro Lima aos 87 (!!!) minutos. No final, quando cerca de 6 adeptos turcos já se tinham calado nas bancadas e a malta já começava a pagar a conta da cerveja nos bares, lá surgiu o golo com muita sorte à mistura.

Segue-se agora o Marselha, uma equipa que tem feito melhor figura na Champions que na "Ligue 1". Uma vitória do FCP será fundamental já que elevará a pontuação para 7 pontos e deixará ampla margem de manobra para nos próximos 3 jogos conseguir pelo menos uma vitória que leve aos almejados 10 pontos que normalmente garante a qualificação para a fase seguinte. Contudo, é certo que o FCPorto tem todas as condições de garantir o primeiro lugar pois é muito mais fácil ir ganhar a Marselha do que o foi ontem na Turquia.

Sporting

Finalmente uma vitória fora e finalmente um golo do Polga e a oportunidade para os ucranianos conhecerem o penteado do Paulo Bento. É muita novidade junta! Não vi a segunda parte mas, pelo que vi na primeira, este Dínamo está a anos-luz de distância do temível Dínamo de Shevchenko e Rebrov e, tirando um ou outro brasileiro, a qualidade não abunda nesta equipa que ainda por cima atravessa um período de grande instabilidade.

A vitória acaba por ser uma certa forma de atenuar a derrota com o Man Utd na primeira jornada mas os 2 jogos com a Roma vão decidir o apuramento pois, se com o Dínamo são favas contadas, em Manchester só se estes já estiverem relaxados pela garantia do apuramento é que o Sporting consegue pontuar. A ver vamos.

Benfica

Dizia Camacho no início do jogo que "Se o Benfica não ganhar este jogo, resta tentar ganhar o próximo" e depois do jogo ninguém lhe pode tirar a razão. A não ser claro que não ganhem o próximo.

Seja como for, diz Camacho e a generalidade dos jogadores do Benfica que os meios de comunicação social "ao serviço de outros clubes" (sic), têm feito demasiada pressão sobre o Benfica. Ora bem, como nós aqui no Zé do Boné não queremos ser acusados de atentar ao patriotismo,- embora já o tenhamos sido quando na primeira jornada dissémos que o Shaktar tinha equipa para ganhar na Luz (afinal o Benfica é que não tinha equipa para ganhar na Luz) -, vamos por isso adoptar uma postura de claro desanuviamento nos nossos comentários, adoptando um registo claramente pró-Benfica (vou ter de tomar banho no final...).

O Benfica teve ontem um tremendo azar! Embora tenha tido a certa altura em campo dois pontas de lança de qualidade mundial e um killer instinct, que já não se conhecia desde que Charles Mason fez carreira nos EUA até ser capturado pelo FBI, não conseguiu bater a defesa da equipa ucraniana. Saliente-se contudo a existência de vários lances duvidosos na área do Shaktar onde o árbitro terá deixado passar em claro vários cortes de cabeça dos defesas sem assinalar o respectivo castigo máximo.

Por outro lado, o meio campo do Benfica dava cartas, apoiando-se na firmeza defensiva de Katsouranis e Maxi Pereira, e contando depois com a genialidade de Rui Costa a quem parece que tiraram 30 anos pois joga com a mesma alegria de um sub-21, não acusando de forma alguma a sobrecarga de jogos.

Na defesa, os jogadores encarnados optaram de forma inteligente por deixar correr os ucranianos à sua volta pois era por demais evidente que, ao ritmo a que faziam as suas triangulações (e às vezes parecia que o mesmo jogador ucraniano triangulava consigo próprio), a equipa de leste nunca aguentaria o ritmo até ao final do jogo.

O decorrer do jogo acabaria por dar razão aos encarnados pois, a partir de uma dada altura, os jogadores do Shaktar perderam o discernimento falhando todos os remates dentro da área encarnada.

O golo ucraniano acaba por ser o culminar de uma sucessão de infelicidades pois começa com a lesão de Nélson, o melhor defesa direito do hemisfério Norte e de 3/4 do hemisfério Sul. Os jogadores do Shaktar tentaram então devolver a bola ao Benfica tendo-se inclusive dado ao trabalho de ir à área encarnada para o fazer (aliás, nota-se que no lance Luisão fica parado à espera disso) só que o avançado acabou por falhar na hora de atirar a bola para fora marcando mesmo o golo que decidiu a partida.

No entanto, apesar do resultado, é notória a elevada categoria do jogo encarnado e a este ritmo, o Benfica retomará certamente o rumo das vitórias sendo mesmo um sério candidato à vitória na Taça UEFA.