Todos estavam avisados que este jogo iria ser bem diferente do de Domingo último. Sem nada a perder, o Boavista discutiu taco a taco a eliminatória mas também contou com um Porto que se encolheu em demasia e com o rigor selectivo do árbitro que ajudou a inclinar ainda mais o campo. No final, valeu a preciosa defesa de Helton a parar um penalty nos últimos segundos do jogo.
Já se sabia que o Boavista de hoje não iria ser o Boavista de Domingo. Sem nada a perder e querendo limpar a pobre imagem deixada na goleada imposta pelo Porto, os axadrezados deram hoje uma réplica bem diferente. Tendo feito apenas 3 alterações em relação ao último jogo, com Helton na baliza em vez de Casillas, Evandro no lugar de André e Varela no lugar de Corona, Rui Barros não quis correr riscos e as alterações resultaram em pleno. Até se lesionar, Evandro esteve sempre muito irrequieto e só com falta foi sendo parado pelos axadrezados e Varela fez o seu melhor jogo da época até agora.
O Porto voltou a entrar procurando ser agressivo na frente e tentando jogar rápido e com verticalidade, tentando colocar a bola rapidamente no ataque para explorar a velocidade dos seus atacantes. O golo foi uma consequência disso mesmo: recuperação de bola no meio campo e passe rápido para a corrida de Brahimi que, não se intimidando com os 4 defesas que levou consigo, trabalhou bem e atirou para o fundo da baliza.Facto assinalável, nessa jogada e contando com o argelino, o Porto colocou 5 jogadores em zona de finalização!
Depois veio a lesão de Evandro que levou à entrada de Imbula e, com o francês a léguas do que já lhe vimos fazer, o Boavista equilibrou mas sem colocar a baliza de Helton em risco.
Após o intervalo assistimos a um jogo completamente diferente. O Boavista apertou e o Porto recuou, repetindo um pouco o filme que já tínhamos visto no Domingo. O pior veio depois, quando o árbitro entendeu expulsar Imbula por pisadela a um adversário, quanto a mim um exagero no capítulo disciplinar.
Eu pergunto: se o árbitro considerou esta falta merecedora de expulsão, porque não usou do mesmo critério em relação a Idris, quando o jogador do Boavista pisou deliberadamente Herrera por trás? Aliás, este jogador usou e abusou do jogo faltoso, beneficiando da complacência do árbitro. Que o diga Maxi Pereira que, no chão, foi repetidamente atingido por Idris e acabou por ser o uruguaio a ver o amarelo!
Com um jogador a mais, o Boavista apostou tudo no ataque e o Porto desistiu de o fazer. O melhor que conseguiu fazer foi numa jogada em que Herrera rompeu pelo meio mesmo agarrado por um jogador do Boavista durante largos metros (o árbitro viu, fez menção de apitar falta mas desistiu e nem sequer agiu depois disciplinarmente aquando da interrupção de jogo seguinte), serviu Aboubakar mas este dominou mal e o lance perdeu-se.
A tudo isto o Porto foi resistindo mas, quando já todos esperavam pelo fim do jogo, num último esforço o Boavista conseguiu chegar à área portista e Indi, que chegou tarde ao lance, fez uma falta completamente escusada. O árbitro não teve dúvidas em apontar para os 11 metros.
Foi então que Helton entrou para a história do jogo parando o remate de Abner (cuja juventude tremeu no momento de decisão) e segurando o apuramento do F.C.Porto para as meias finais da Taça de Portugal. Ironicamente, minutos antes tinha sido Indi a salvar Helton de uma situação constrangedora quando o guarda-redes hesitou numa saída e Uchebo atirou para a baliza deserta onde apareceu Indi a salvar o lance.
Helton a confortar o jovem Abner após o "miúdo" ter desperdiçado a grande penalidade. Um senhor! (foto: Record)
O objectivo principal foi conseguido, o apuramento para as meias-finais onde o Porto vai enfrentar o Gil Vicente em duas mãos, tendo tudo para chegar à final.
Há ainda muito trabalho a fazer e hoje, apesar de ter atirado duas bolas aos ferros da baliza do Boavista, o Porto tremeu desnecessária e perigosamente. Apesar de tudo, não é menos verdade que são as vitórias mais difíceis que moralizam e esta foi sem dúvida uma vitória muito difícil.
Agora, venha o Guimarães!
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