terça-feira, outubro 05, 2010

Guimarães 1 x 1 FCPorto - Dragão não quis matar o jogo... e não contou com a Xistralhada do costume


Depois de uma exibição q.b. em Sófia, o FCPorto enfrentava em Guimarães um duro teste à continuidade da sua performance em contar por vitórias todos os jogos disputados. Infelizmente, erros próprios, mais do que a reconhecida incompetência de Carlos Xistra que voltou a estar ao seu nível, impediram que o FCPorto saísse da cidade-berço com os 3 pontos. Fica o conforto da manutenção da invencibilidade e da vantagem larga sobre o grupo dos 2ºs classificados.



Sabia-se antecipadamente que o jogo ia ser muito difícil e o Guimarães já dera mostras da sua valia ao derrotar o Benfica, num jogo que deu origem a (mais) uma das peças de tragicomédia da Luz.

Sem contar com Sapunaru, por intransigência da Federação Romena, Villas-Boas escalou Fucile para o lado direito da defesa e, apesar de ter estado em excelente plano frente ao Olhanense, o uruguaio viria a comprometer, e de que maneira!

No computo geral do jogo, o FCPorto foi claramente superior ao Vitória, que só por 2 ou 3 vezes incomodou verdadeiramente Helton. Mais uma vez com esmagadora posse de bola, o FCPorto controlou todos os aspectos do jogo e o golo de Hulk à passagem da meia hora deixava no ar a ideia da inevitabilidade da 12ª vitória azul e branca na presente época.

Contudo, o FCPorto optou por baixar o ritmo em vez de pressionar e "matar" o jogo com o 2º golo e quando se segura uma vantagem magra, contra uma equipa como o Guimarães, o risco é elevado, sobretudo se os níveis de concentração não estiverem no seu máximo. Ora foi exactamente uma falha de concentração que originou o golo do Guimarães. Fucile perdeu o sentido de posicionamento e deixou-se antecipar nas costas por Faouzi, que bateu o desamparado Helton.

A partir daí... só deu FCPorto outra vez, mesmo quando Fucile recebeu ordem de expulsão. Com 11 ou com 10, o FCPorto manteve a sua postura e carregou à procura do 2-1, golo que esteve perto de acontecer algumas vezes. Infelizmente, o discernimento na hora da decisão esteve longe do melhor e o marcador já não voltou a sofrer alterações.

Segue-se agora a pausa para os jogos de selecções que irá permitir "recuperar" anímica e fisicamente alguns jogadores mais desgastados, casos de Belluschi, Falcao, Varela e Hulk que começam a acusar o desgaste de jogos sucessivos.

Em termos de jogadores, a exibição de Fucile é má demais. É certo que o primeiro cartão amarelo foi erradamente exibido (já lá iremos) mas, sabendo disso, o uruguaio nunca poderia ter entrado como entrou sobre o seu adversário. Começou por cometer o erro da displicência e depois perdeu a cabeça. Reside nesta inconstância o maior problema de Fucile que, pontualmente, intercala boas exibições, excelentes até, com prestações incompatíveis para um jogador com o seu estatuto. Grande parte da responsabilidade da derrota passa por ele mas certamente haverá ainda muito de bom para esperar do uruguaio.

Falcao por seu turno anda arredado do caminho do golo nas competições internas. Este ano curiosamente, os extremos parecem ser mais produtivos em termos de golo do que o ponta-de-lança colombiano que, apesar disso, não regateia a sua generosidade e entrega em campo e só isso já faz a diferença. Os golos inevitavelmente acabarão por surgir. Infelizmente foi duramente castigado pelos adversários durante o jogo. Fossem eles o Fucile e teriam sido expulsos 2 ou 3 vezes.

Hulk fez o golo e dinamizou o ataque do FCPorto. NO ENTANTO, o golo foi insuficiente e isso dá o direito de criticar de alguma forma as más decisões que muitas vezes tomou, como remates disparatados e a persistência nos "bonitos" e jogadas individuais quando, declaradamente esta não era a sua noite. Tem de melhorar o seu poder de decisão. A equipa e o jogador só poderão ganhar com isso.

Segue-se agora o jogo contra o Limianos a contar para a Taça de Portugal, daqui a 11 dias, jogo esse que servirá para dar mais minutos aos jogadores menos utilizados e poupar as figuras principais para os próximos desafios.


A relevância deste empate na carreira do FCPorto


Nitidamente o FCPorto perdeu 2 pontos, dado o cariz do jogo. No entanto a importância da perda destes 2 pontos é muito relativa. O FCPorto tem nesta altura uma vantagem de 7 pontos sobre o grupo dos 2ºs classificados formado precisamente pelo Guimarães, pelo Olhanense e pelo Benfica. Esta é uma vantagem mais que confortável quando ainda falta muito campeonato e, ainda por cima, aquele que teoricamente será o rival mais directo, apresenta um rendimento a léguas do que mostrou na época anterior.

A melhor equipa da Liga nesta altura continua a ser o FCPorto e a vantagem sobre os restantes é larga, por muito que por vezes, da leitura dos jornais da nossa praça, pareça que quem vai em 2º, 3º ou 4º é o FCPorto ou que 7 pontos tenham o valor de 1.

No final deste jogo recordei as palavras do saudoso Sir Bobby Robson após um empate na Madeira frente ao então clube de naturalizados do União da Madeira. Quando lhe perguntaram se estava preocupado, Sir Robson encolheu os ombros e disse que não. "Fizemos um ponto fora. É melhor que nada".


A cegueira é tanta...

Hoje tivemos direito nas primeiras páginas da imprensa a verdadeiras pérolas de "jornalismo". Começo pelo jornal semi-oficial do Benfica que transformou um empate numa derrota, sabe-se lá porquê... Arrisco a teoria de uma primeira pagina pré-preparada que não foi refeita por inteiro. Assim, ficamos a saber que, após este empate, o "FCPorto afinal NÃO É INVENCÍVEL". Imaginem se tivesse perdido.


Noutras paragens, ficamos a saber que o empate imposto ao FCPorto pelo Guimarães (mais auto-imposto do que outra coisa, como já referi), serviu para "ajudar o Benfica". Subitamente, o Braga que até ficou à frente do FCPorto na época passada e o Sporting que se arriscava a ver ser alargada a desvantagem para o 1º classificado foram descartados e, à 7ª jornada, o campeonato é apenas disputado a 2.

Espaço ainda para a exaltação do feito que constitui um jogador causar a expulsão de outro, sendo aqui equiparado a um golo. Marcou um golo E fez expulsar um adversário. Digno de palmas.

Já agora, os foras-de-jogo mal tirados não vêm em nenhuma das primeiras páginas desta vez?


Casos do jogo e demais Xistralhadas

Já se sabia que nada se poderia esperar de positivo para o FCPorto quando foi conhecida a nomeação de Carlos Xistra para o Guimarães x FCPorto. Já em Agosto do ano passado tínhamos aqui dedicado a este senhor um artigo intitulado "Venha a próxima Xistralhada de incompetência" (vale a pena ler) e, volvido mais de um ano depois, verificámos que este senhor não deixa o seu crédito por mãos alheias.

No jogo de Guimarães, tivemos a ocasião de assistir a mais do mesmo: faltas duras não assinaladas e, por outro lado outras que, assinaladas, não tiveram a necessária exibição do cartão amarelo. Contudo, quando do FCPorto se trata, os cartões saltam como se tivessem molas. Aqui fica aliás o vídeo do artigo atrás referido para avivar a memória.



Mas isso acaba por ser natural para um árbitro que interiorizou que será elogiado e elevado ao estatuto de herói se mantiver tolerância zero ou abaixo disso em relação ao FCPorto. Não foi ele que foi elevado a herói nacional quando, em plena casa do FCPorto expulsou 3 jogadores azuis e brancos num jogo diante do Beira Mar?

Agora, contudo, parece haver uma certa tendência para inventar um penalty contra o FCPorto por falta de Fucile sobre Edgar. Segundo os "imparciais" e "defensores da verdade desportiva", esta é a imagem que não deixa dúvidas: aos 53 minutos de jogo, Fucile puxa a camisola de Edgar dentro da área ficando o respectivo penalty por marcar.

Felizmente, aqui no Zé do Boné tivemos acesso ao resto da imagem que mostra que ao mesmo tempo que Fucile procura recuperar a posição de forma ilegal, também Edgar tem um gesto à margem das leis colocando o braço à frente do uruguaio para não o deixar ganhar posição.

Num lance em que os dois jogadores fazem falta em simultâneo, errou mais uma vez Xistra ao assinalar falta de Edgar (ou se calhar esta até na miopia de Xistra pareceu mais evidente que a de Fucile). Deveria ter deixado seguir. Curiosamente o avançado brasileiro até acabaria por ser poupado à expulsão quando, já com amarelo, entrou "com tudo" sobre Helton quando já tinha perfeita noção de que o guarda-redes tinha o lance controlado. Ficou o 2º amarelo por mostrar a Edgar mas... tivesse sido Fucile...

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