Em primeiro lugar, o jogo:
O FCPorto venceu com inteira justiça o Benfica num jogo de raiva onde, para além do adversário, teve de se haver com um árbitro sem critério que expulsou incompreensivelmente Fucile. Ora, mesmo contra uma equipa rotinada para jogar contra 10 adversários, o FCPorto soube ser humilde e solidário e, com golos de classe, construiu um triunfo justo e indiscutível.
Indiscutivelmente, o FCPorto armado em 4-4-2 é mais equilibrado e retira espaços ao adversário na intermediária. Com uma equipa com os índices de motivação como aqueles com que a equipa de Jesualdo se apresentou hoje, torna-se difícil não ganhar, seja contra que adversário for. Belluschi a 10 torna-se um jogador extremamente influente e hoje voltou a mostrá-lo, coroando a sua grande exibição com um golo do outro Mundo, depois de fazer uma maldade ao seu compatriota Pablo Aimar.
Depois de um início onde o Benfica até teve duas ocasiões flagrantes para inaugurar o marcador, o FCPorto soube reagrupar-se, jogando com agressividade e sabendo pressionar o adversário. Contudo, nos últimos 15 metros, o FCPorto não tinha muita expressão a não ser pelos rasgos ocasionais de Hulk (que desestabilizava a defesa do Benfica com as suas acções individuais e por 3 ou 4 ocasiões criou perigo), uma vez que Farías pouco se viu.
Em cima do intervalo, surgiu finalmente o golo, num lance já visto várias vezes esta época. Canto marcado do lado direito do ataque por Belluschi e, no coração da área, aparece Bruno Alves, imperial, a cabecear sem hipóteses para Quim, deixando ainda pregados Carlos Martins e Luisão que até fez uma vénia perante o lance.
A segunda parte começa praticamente com a expulsão ridícula de Fucile. O uruguaio é puxado por Coentrão, entra na área sempre a ser agarrado e acaba por se estatelar, procurando ainda assim jogar a bola já no chão. Olegário, vá-se lá saber porquê, decide interromper o jogo e mostrar o 2º amarelo a Fucile, deixando o FCPorto a jogar com menos 1 durante praticamente toda a 2ª parte. Se já o primeiro amarelo a Fucile era incompreensível, mais se torna este 2º num lance onde, a haver infracção esta seria sempre de Coentrão e, consequentemente, seria grande penalidade e segundo amarelo ao jogador benfiquista.
Para reequlibrar a defesa, Jesualdo fez sair Meireles (já com um amarelo e muito quezilento), fazendo entrar Miguel Lopes que deu boa conta de si. No entanto, pouco depois, o Benfica chegou ao empate e chegou-se a pensar o pior. Habituado a jogar contra 10, podendo beneficiar da desorientação do FCPorto e ainda com Olegário a ajudar, o Benfica tinha tudo a seu favor... até Farías finalmente aparecer para fazer o 2º golo do Porto, a passe de Belluschi, e tirando muito bem Luisão do lance. Neste lance ficou mais uma vez patente a utilidade de Farías, um verdadeiro homem de área que só precisa de aparecer uma ou outra vez para fazer a diferença. Logo depois Farías sairia em apoteose, sendo substituído por Rodriguez.
O grande momento da noite seria contudo o golo de Belluschi, genial a tirar Aimar do caminho e a atirar uma "bomba" para a baliza do desamparado Quim. Este golo resolveu em definitivo o jogo e soltou uma onda extraordinária de festa dos adeptos, depois de uma semana a ler e a ouvir a promessa da festa benfiquista no Dragão.
Na noite negra de Olegário, ficaram por mostrar amarelos a Di Maria, constantemente a pedir faltas e cartões como é habitual, a Coentrão e o vermelho POR DUAS VEZES a Luisão. Primeiro quando ao intervalo decidiu devolver um objecto para as bancadas e depois já na segunda parte por uma agressão a Belluschi. Assim não o entendeu Olegário que apenas decidiu ser implacável para o lado azul e branco, expulsando Fucile e Jesualdo.
Para a história fica o resultado que lava a honra portista e vem deixar bem claro que, no Estádio do Dragão, só uma equipa faz a festa e é aquela que está habituada a fazê-la.
À margem do jogo
Muito se falou dos incidentes ocorridos antes e após o jogo de ontem. Só espero que agora estes mesmos incidentes não sirvam para vender a imagem dos adeptos encarnados como modelos de virtude e nem seja usado para ofuscar o essencial do jogo: o FCPorto venceu o Benfica categoricamente, com menos 1 jogador durante meio jogo e ainda contra um árbitro com visão apenas para um sentido.
Muito se falou de apedrejamentos. Apenas peço que, quando falarem em apedrejamentos, não se esqueçam DISTO.
Pelo arremesso de objectos para o campo já li e ouvi pedidos de interdição do Dragão. Ainda bem, digo eu, que não se viu uma cena como esta:
Na TV ouvi o uso da palavra "agressão" para descrever o momento em que Jesus é atingido por... uma pastilha elástica. Adequa-se perfeitamente uma vez que são conhecidos os efeitos de uma pastilha elástica quando arremessada contra um ser humano com grande força. Aliás, a pastilha elástica, se não estou em erro, está englobada na convenção de Genebra. Condenável esta... agressão!
Por outro lado, será que se vai falar do momento em que Luisão atirou de volta um objecto para a bancada e não viu com isso o primeiro de dois cartões vermelhos? Para os que já têm a palavra facciosismo na boca, deixo este exemplo da aplicação da regra:
Finalmente, senhores repórteres e comentadores, uma tocha não é um very light. Este último tipo de objecto refere-se a foguetes de sinalização e, ao contrário das tochas, já mataram pessoas em Portugal, por sinal algumas filas abaixo daquela onde se encontravam familiares meus numa célebre final da Taça de Portugal.