O período de "defeso" entre a época 2010/11 e a época 2011/12 prometia ser um dos mais agitados dos últimos anos. O "triplete" conquistado, Taça, Campeonato e Liga Europa, fez do plantel do FC Porto um filão extremamente apetecível para os grandes tubarões da Europa. No entanto, a primeira e mais estrondosa transferência haveria de ser a do treinador André Villas-Boas que se deixou cativar pelas petro-libras de Abramovich, rumando ao Chelsea, numa deserção que os adeptos dificilmente conseguirão perdoar, como o próprio Villas-Boas o reconhece, sobretudo depois das juras de amor eterno para com o FC Porto proferidas dias antes da transferência relâmpago. À cadeira de sonho faltava, pelos vistos, um revestimento em libras.
Para o seu lugar foi escolhido o até então adjunto de Villas-Boas: Vítor Pereira, com um percurso profissional até então muito discreto. Poder-se-ia questionar a validade desta escolha mas, o que é certo é que, dado o timming do anúncio da rescisão unilateral do contrato de Villas-Boas, Vítor Pereira era a escolha mais lógica: era da casa, tinha experiência como treinador principal (embora não a este nível) e estava perfeitamente identificado com os métodos do ex-treinador. Mais tarde viria a ser posto em causa mas, como se verificaria também, não seria só pelo treinador que passariam as dificuldades que o FC Porto viria a sentir no início da nova época. Ficava por isso o FC Porto com um treinador e com 15 M€ resultantes da "venda" de Villas-Boas. Um evento singular só ao alcance do FC Porto e de quem o gere.
Entretanto, as saídas de jogadores anunciadas diariamente pela imprensa eram de tal monta que dariam para vender não o plantel do FC Porto mas sim todo o público do Dragão num jogo de casa cheia. Acabariam por sair Beto (emprestado ao Cluj da Roménia), Sereno (emprestado ao Colónia), Ruben Micael e Falcao (ambos para o Atlético de Madrid, embora o primeiro tenha ido parar por empréstimo ao Saragoça). Falcao valeu uma verba recorde, estabelecendo um novo máximo em Portugal no que a transferências diz respeito, embora tenha ido parar a um clube que é demasiado pequeno para o valor do colombiano. Actualmente o Atlético anda pelo meio da tabela, a léguas do seu vizinho e colosso Real Madrid.
Alguns jogadores tentaram esticar a corda no sentido de forçar a sua saída mas sentiram na pele o rigor da gestão de Pinto da Costa e ficaram apesar das birras, casos de Fernando e Álvaro Pereira. Não voltaram a ser cometidos os erros pós-Champions de 2004/2005 e o FC Porto soube manter uma equipa extremamente competitiva, pese embora a falha que foi o não assegurar um ponta-de-lança que substituísse Falcao à altura.
Quanto a contratações mais sonantes do Brasil chegaram Danilo e Alex Sandro, do Nacional da Madeira veio Bracalli, Mangala e Defour vieram do Standard de Liège, para além das já anunciadas entradas de Kléber, Djalma do Marítimo, com um ano de atraso, e de Iturbe, o "mini-Messi" vindo do Cerro Porteño. Os dois primeiros voltaram a provar que, em Portugal, o destino mais apetecível, a garantia de prestígio e de perspectiva de projecção é mesmo o FC Porto, já que ambos rejeitaram propostas para ir para a Luz, preferindo ingressar no clube mais titulado de Portugal.
Os adeptos tinham portanto razões bem fundamentadas para esperar coisas bonitas da época que se avizinhava e que viria a abrir logo com duas finais: a Supertaça Cândido de Oliveira, em Coimbra contra o Guimarães, e a Supertaça Europeia no batatal do Mónaco contra o todo-poderoso Barcelona.
Fotos: Live Football Total, SIC Notícias
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