Ao AufShalke Arena, nesse dia o palco máximo do futebol europeu, subiram os nomes que entraram para a eternidade do futebol português: Vitor Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Deco (Pedro Emanuel 85'), Maniche, Carlos Alberto (Alenitchev 60'), Pedro Mendes e Derlei (McCarthy 78').
Cumpria-se assim a "profecia" de José Mourinho quando dissera, após a final de Sevilha, que havia sido "Inesquecível... mas não irrepetível!". Após a final, a equipa seria desmembrada, com Mourinho a partir para Londres levando consigo Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira, Deco a sair para Barcelona, Pedro Mendes para o Tottenham e, numa segunda "razia" Jorge Costa, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Carlos Alberto, Alenitchev, Pedro Mendes, Derlei e McCarthy.
A caminho estava outra equipa que daria a conhecer à Europa nomes como Pepe, Bosingwa, Quaresma, Raul Meireles, entre outros.
Fase de grupos:
O FCPorto estreou-se com um empate 1-1 no terreno do Partizan de Belgrado. Costinha aos 22' inaugurou o marcador mas, já na segunda parte e com o nosso inesquecível Drulovic em campo pelo lado dos sérvios, Delibasic restabeleceria a igualdade no marcador.
Na segunda jornada o FCPorto perdeu em casa, com o Real Madrid, por 1-3. Costinha voltaria a inaugurar o marcador logo aos 7' mas o Real Madrid faria valer os seus argumentos e ainda na primeira parte, daria a volta ao marcador por Helguera e Solari para, já no segundo tempo, ampliar a vantagem por Zidane.
Após as duas primeiras jornadas, o futuro do FCPorto na prova parecia pouco promissor o que tornava o compromisso seguinte, no Estádio Vélodrome, num jogo decisivo. O Marselha havia perdido na primeira jornada em Madrid por 4-2, tendo vencido em seguida o Partizan em casa por 3-0 perfilando-se como co-candidato ao 2º lugar do grupo. Foi então que o FCPorto começou a mudar a história.
Em Marselha, num ambiente profundamente hostil, os franceses abriram o marcador por intermédio de Drogba (que dupla com o egípcio Mido!), logo aos 12' e ainda fizeram temer o pior mas, a partir daí, o FCPorto mostrou à Europa do que eram capazes os dragões de orgulho ferido. Em apenas 4 minutos (31' e 34'), Maniche e Derlei deram a volta ao marcador, cabendo a Alenitchev ampliar a vantagem aos 81'. Marlet ainda reduziria pouco depois mas o destino do jogo e do apuramento já estava definido e ainda mais ficou na segunda mão no Estádio das Antas, com o FCPorto a vencer novamente, desta vez por 1-0 e novamente por Alenitchev.
O apuramento seria confirmado na jornada seguinte com o FCPorto a receber e bater o Partizan por 2-1 com bis de McCarthy e, novamente, Delibasic a reduzir já no último minuto do tempo regulamentar.
Na última jornada, o FCPorto jogava em Madrid, sem grandes aspirações ao primeiro lugar apesar de estar apenas a 3 pontos dos madrilenhos tendo no entanto contra si o goal average. O jogo até começou mal pois Solari marcou logo aos 9' mas, ainda na primeira parte, o FCPorto chegaria ao empate por Derlei na marcação de um penalty. Costinha veria o cartão amarelo ficando suspenso e não podendo disputar o próximo jogo que seria a 1ª mão dos oitavos de final.
Na altura, a aposta de Mourinho em Costinha para este jogo foi algo criticada pelo facto de o médio se encontrar à beira da suspensão por cartões amarelos e este ser um jogo no qual não se decidia nada a não ser a repartição de pontos. O Special One foi taxatório afirmando que preferia contar com o Ministro na eventualidade de ter de recuperar de uma desvantagem no jogo da 2ª mão dos oitavos, do que poupá-lo neste jogo e arriscar-se a não o ter na 2ª mão. Esta decisão, à partida pouco relevante, seria no entanto decisiva para a conquista do título.
Oitavos de final: FCPorto x Man Utd: 2-1 e 1-1
Esta foi a eliminatória que pôs a Nação Azul e Branca a acreditar que o título era mais que uma miragem de um troféu destinado às grandes potências milionárias do futebol europeu. Após um primeiro jogo fantástico nas Antas onde um bis de McCarthy virou um resultado adverso de 0-1 com golo de Fortune, o FCPorto viajou para Old Trafford sentindo que tudo podia acontecer.
Em Manchester, um golo de Paul Scholes parecia fazer ruir os sonhos ainda mais quando o minuto 90 se aproximava implacavelmente. Mas o FCPorto não se rendeu, nem com a lesão de Jorge Costa ainda na primeira parte, e mostrou a um estádio incrédulo aquilo de que a sua crença imensa era capaz de alcançar, aquilo que faz do FCPorto uma equipa diferente, uma equipa de luta até ao fim.
Uma recarga de Costinha (sempre ele!) fez daquele minuto 90 um minuto lendário, destinado a ser recordado enquanto o FCPorto for o FCPorto. A imagem de Mourinho entrando no terreno para comemorar o golo com os seus jogadores, a festa destes junto aos adeptos, são como quadros em lugar de honra da galeria das memórias mais notáveis do futebol.
A partir daquele minuto 90 o clube, os adeptos, o país inteiro teve uma certeza que muitos não ousavam contudo confessar: o título era possível!
Quartos de final: FCPorto x Lyon: 2-0 e 2-2
Desta vez a sorte bafejara o FCPorto ao atribuir-lhe no sorteio o adversário que era então mais desejado: o Olympique Lyonnais isto apesar dos franceses contarem nas suas fileiras com nomes como Juninho, Coupet, Edmilson, Essien, Diarra, Malouda, Gouvou, Luyindula e Elber. Nas Antas, dois golos, um em cada parte, o primeiro de Deco e o segundo de Ricardo Carvalho, catapultaram o FCPorto para as meias finais, limitando-se a confirmar essa passagem na 2ª mão no De Gerland.
Naquela que foi a sua noite, Maniche abriu o marcador logo aos 6'. Mas o Lyon jogava o seu orgulho e aos 14' Luyindula restabeleceu a igualdade. Logo a abrir a 2ª parte Maniche deixava novamente a sua marca fazendo o 2-1 para o goleador Elber, já em cima do minuto 90, estabelecer o resultado final de 2-2.
Meias finais: FCPorto x Deportivo: 0-0 e 1-0
Depois de uma primeira mão polémica pelos equívocos de arbitragem e onde o FCPorto foi superior, o FCPorto entrava no Estádio Riazor com o mesmo espírito com que entrara um ano antes no Olímpico de Atenas. Um golo de Derlei de penalty, a castigar falta sobre Deco na grande área, repôs a justiça na eliminatória, guindando o FCPorto para a final perante um Deportivo impotente, com a curiosidade de ter tido um defesa central expulso em cada um dos jogos: osbem conhecidos Jorge Andrade na 1ª mão e Naybet na 2ª mão.
Final: FCPorto x AS Monaco: 3-0
A 26 de Maio, ao contrário do que acontecera um ano antes, o FCPorto apresentou-se para disputar uma final europeia na máxima força. Desta vez, havia em todo o universo azul e branco uma sensação de confiança, distante do nervosismo do ano anterior. Perante um Monaco que eliminara sucessivamente o Lokomotiv de Moscovo, o Real Madrid e o Chelsea e que contava nas suas fileiras com Givet, Ibarra, Evra, Giuly, Rothen, Prso, Morientes e Nonda, o FCPorto foi mais forte, alcançando o título por que esperara 17 anos.
Depois de Gomes, Madjer, Celso, Mlynarczick, João Pinto, Lima Pereira, André, Futre, Juary, Jaime Magalhães, a Europa curvava-se a uma nova geração dourada do FCPorto.
O sentimento da final é difícil de descrever. Ficamos pois pela alegria do saudoso Jorge Perestrelo aos microfones da TSF quando Deco marcou o 2º e decisivo golo da final:
"Golo do Porto! Que bonito é! Que bonito! As bandeiras estão desfraldadas ao vento! Nós queremos agradecer aos deuses do futebol esta felicidade que nos enche a alma, que põe um país parado, um país emocionado! É golo do Porto!"
8 comentários:
Lindo!!!!
Mas que ninguém diga irrepetível!
Abraços
Estava eu sentada, afastada da multidão, na avenida dos Aliados, a partilhar umas sandes de delicias do mar, coca-cola e amendoins com a minha claque privativa, quando todo o Porto explodiu a gritar o golo do Deco. Diz quem viu, eu não confirmo nem desminto, que se viram gajas de preto a fazer qq coisa parecida com sambar...
Isso é fantástico! Eu seria capaz de pagar para ver gajas de preto a fazer qq coisa parecida com sambar! :D Que visão magnífica! lol
Pois mas vais ter de esperar para a proxima oportunidade. E os bilhetes sao caros, aviso já. :p
Então está bem. Vou ficar atento ;)
Relativamente o golo do Deco propriamente dito, foi uma finalização fantástica! A frieza com que ele atirou para a baliza com toda a responsabilidade que tinha em cima (final da champions, decisão do jogo nos pés, um mundo a olhar para ele...). Como dizia o Mourinho, o Deco era O "Corajoso".
Fica a apreciação de um comentador inglês: "what a cool finish!"
Grande Jogo do FCP, e o jogador mais titulado do mundo esteve soberbo quando foi preciso decidir e sair bem aos pés de Gully, e ainda estava no principio, tudo a zero, depois doi o golão do Carlos Alberto, (tinha tudo para ser um craque no FCP), e os golos de DECO (o verdadeiro, o nosso) e finalmente Alenitchev (Classe pura) deram um colorido á vitória final.
Que Equipa.
Nunca me irei esquecer que ainda estavamos a digerir o que tinha sido a final de Sevilha, quando no inicio da época de 2004 nos apresentavam 2 equipamentos completamente renovados onde um:
- tinha 3 listas largas azuis e brancas com letras vermelhas nas costas que nos faziam lembrar a camisola de Madjer a marcar um golo de calcanhar.
- outro tinha uma camisola roxa que nos fazia lembrar a cor caracteristica da cidade de Vienna.
O que podemos mais dizer sobre isto? Quem mandou fazer aquelas camisolas sabia que era possivel e "um ano" antes da final já tinhamos o destino marcado para aquela que é a mais importante competição anual. Com isto, fiquei sem palavras..
Resta me apenas um:
"Memorável, Lindo, Mas que ninguém diga IRREPETÍVEL!"
Lindo
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