segunda-feira, setembro 28, 2009

FCPorto 1 x 0 Sporting - A redenção de Hulk

O FCPorto recebeu e venceu o Sporting cumprindo assim o objectivo fundamental de não perder terreno para o Braga e, ao mesmo tempo, ganhar avanço sobre um dos crónicos candidatos ao título. Um golo pleno de oportunidade de Falcao foi quanto bastou para vencer um jogo à partida pré-condicionado para a polémica mas onde o árbitro não pode servir de desculpa para os erros defensivos do Sporting. Os primeiros minutos do jogo chegaram a dar a ideia que o FCPorto iria golear, tal a intensidade de jogo colocada em campo pelos comandados de Jesualdo. Infelizmente não só isso não se concretizou como a dado momento, ficou no ar a ideia de que o Sporting poderia chegar ao empate.





O FCPorto teve uma entrada de campeão. Forte e incisivo, bastaram 3 minutos para abrir o marcador numa jogada que pôs a nu as fragilidades da defesa do Sporting. Com André Marques e Caneira indisponíveis, Paulo Bento preferiu optar de início por Grimi na esquerda da defesa para assim não perder a influência de Veloso no meio. A falta de ritmo do argentino foi aproveitada da melhor forma pelo FCPorto com a colocação de Hulk à direita. Ora foi justamente de uma arrancada de Hulk que nasceu o golo do FCPorto. O brasileiro desmarcou-se pela direita e arrancou uma falta de Polga que teve de ir dobrar Grimi. Na marcação do livre, Belluschi cruzou e Falcao antecipou-se a Polga (que ontem aqui um dos piores jogos que já lhe vi em Portugal) atirando a contar.



Golo de Falcao


Aproximadamente a partir do quarto de hora, o Sporting conseguiu voltar a equilibrar o jogo e teve inclusive algumas oportunidades flagrantes para empatar. Primeiro Matias Fernandez conseguiu espaço após uma falha de marcação de Rolando, mas Helton evitou o pior com uma defesa de recurso e depois, na marcação de um canto, Helder Postiga atirou de cabeça ao poste. Já perto do final, mais uma defesa por instinto de Helton evitou o auto-golo de Falcao na sequência de outro canto. Depois de uns primeiros 15 minutos que deixaram no ar a ideia de que o jogo iria ser surpreendentemente fácil para o FCPorto, chegava-se ao intervalo com a plena noção que o Sporting tinha uma palavra a dizer relativamente ao resultado final.







A 2ª parte e as expulsões


Com o início da 2ª parte, Paulo Bento decidiu alterar o figurino da sua equipa. Saiu Grimi, que ainda deve estar a ter pesadelos com o Hulk, entrando Pereirinha para o meio campo. Miguel Veloso, que mais uma vez estava a ser um dos melhores do Sporting, baixou para defesa-esquerdo o que retirou alguma organização ao meio campo leonino. O jogo poderia logo ter ficado resolvido aos 55 minutos quando Hulk, mais uma vez, numa iniciativa individual a partir da direita, flectiu para o meio e fintou Polga que, numa ingenuidade estranha para um jogador experiente, rasteirou o avançado. Penalty e 2º amarelo para o central sportinguista.


No entanto, Rui Patrício conseguiu defender o penalty e, apesar de jogar com menos 1, isso acabaria por manter o Sporting na discussão do resultado até porque, com o jogo aparentemente controlado e à semelhança do que tantas vezes acontece em situações semelhantes ( para desespero dos adeptos do Dragão ) o FCPorto baixou a velocidade e passou a atacar com menos homens. Isto acabou por dar espaço ao Sporting e a diferença numérica das equipas esbateu-se aqui.


A partir dos 70 minutos Jesualdo decidiu reforçar o meio campo fazendo sair Mariano (exibição demasiado trapalhona do argentino... ) por troca com Tomás Costa que não trouxe nada de novo dada a precipitação com que abordou os lances. Pouco depois entrariam em campo Farías, a substituir Falcao que ficou muito maltratado num canto contra o FCPorto ao chocar com Tonel, e Valeri para o lugar de Raul Meireles, ainda a léguas do rendimento a que nos habituou na época passada. Infelizmente as substituições pouco beneficiaram o FCPorto que se limitou a controlar o jogo e a atacar apenas com Hulk, Belluschi e Farías. Pouca sorte a de Valeri que entra sempre em alturas em que ao FCPorto já não interessa muito desenvolver jogo.





Até ao final, houve ainda espaço para a expulsão de Miguel Veloso por uma entrada a destempo sobre Fucile e para defesas atentas de Helton a segurar a vantagem.


O meio campo portista


Jesualdo apostou numa linha de 3 médios contra os 4 do losango do Sporting, não abdicando da linha de 3 avançados do 4-3-3 usual do FCPorto. A presença de Fernando é fundamental para permitir abordar o jogo em inferioridade numérica neste sector dada a sua incansável e inteligente ocupação de espaços. Por outro lado, Belluschi provou o porquê de se ter reclamado da sua ausência nos 2 últimos jogos. 


Guarín ajuda a dar poder de choque à intermediária mas com Belluschi o FCPorto ganha velocidade e capacidade de romper em transições para o ataque. A sua classe influencia positivamente o jogo do FCPorto. De certa forma o equilíbrio numérico acabou por ser possível também graças às subidas dos laterais do FCPorto que, contra uma equipa que não joga com extremos, acabam por não ter de ficar tão atrás.


A arbitragem


À partida, este jogo já havia sido pré-condicionado de tal forma pela nomeação de Duarte Gomes e pela polémica que se lhe seguiu que, mesmo que o árbitro não errasse, haveria sempre algo a apontar-lhe. O árbitro acabou contudo por cometer vários erros no capítulo disciplinar sendo provavelmente o mais evidente a não expulsão de Raul Meireles, ao não exibir o 2º amarelo ao jogador azul e branco por falta sobre Abel perto do intervalo. No resto, dúvidas no 1º amarelo a Veloso e mal mostrado o 1º amarelo a Polga. Aqui terá parecido ao árbitro, situado por trás de Polga, que a falta do central sobre Fucile era mais dura do que efectivamente foi. No entanto, ambos jogam há já tempo suficiente para saber gerir melhor os tempos de entrada e, tendo um cartão amarelo, deveriam ter-se precavido na abordagem aos lances que levaram à exibição do 2º amarelo.


Outro lance que é motivo de protestos tem a ver com uma suposta falta de Bruno Alves sobre Liedson na área do FCPorto. Nas imagens é claramente visível que não só Bruno Alves não altera a sua trajectória como é ainda Liedson, pelo seu movimento, que acaba por promover o choque entre os 2 jogadores. A partir daí, a "tirania" das leis elementares da Física fez-se sentir e Liedson, muito mais leve que Bruno Alves estatelou-se ao comprido.


Outro lance que poderia ser motivo de discussão diz respeito à cor do cartão que foi mostrado a Abel quando este tocou subtilmente a perna direita de Hulk no momento em que este arrancava isolado para a baliza adversária. O árbitro resolveu mostrar o amarelo mas o vermelho seria aqui justificado.


No geral, o Sporting perdeu pela acumulação de erros individuais e pelo pouco esclarecimento nas oportunidades que teve. Atribuir a Duarte Gomes as responsabilidades pela derrota leonina é tapar o Sol com uma peneira e escamotear o facto de, actualmente, a defesa do Sporting atravessar uma grave crise de confiança, tal como o facto de ter um treinador que faz apostas algo duvidosas. Dizer que o FCPorto venceu graças à arbitragem de Duarte Gomes é pura desonestidade intelectual.


Positivo

A entrada em jogo do FCPorto

As exibições de Hulk e Helton a fazer esquecer "pecados" recentes. Que bom seria se mantivessem sempre este nível em todos os jogos. Será a agora?

A classe de Belluschi e a garra de Falcao, um verdadeiro matador que justifica a cada jornada a sua contratação.



Negativo

Mariano Gonzalez... é preciso dizer porquê?

Raul Meireles tarda em voltar ao seu melhor nível e só não foi expulso por acaso.

As substituições que nada de novo trouxeram à equipa.

A eterna dificuldade do FCPorto em saber ter a bola para controlar o jogo. Dar a bola ao adversário e recuar as linhas é um convite à adversidade e neste jogo mais uma vez os adeptos acabaram a sofrer. É verdade que contra 10 as coisas poderiam ser mais fáceis, é verdade que o FCPorto estava em vantagem, é verdade que há um jogo importantíssimo na próxima quarta-feira. Mas tudo isto justificaria mais o relaxamento (por vezes displicência, já aqui o dissemos) se o resultado fosse de 2-0. Falta determinação para resolver em definitivo estes jogos.




Fotos: Record, o jornal que tal como a mulher, também veste de vermelho

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