O FCPorto arrancou hoje a ferros uma vitória em Alvalade, derrotando o Sporting por 2-1 com golos de Lisandro (o goleador está, aos poucos a voltar aos golos) e de Bruno Alves (e que golo!). Foi a resposta que se esperava depois da humilhação de Londres com o FCPorto a apresentar-se sereno e controlador na primeira parte, para depois se mostrar combativo e solidário na 2ª.
Jesualdo desta vez decidiu bem, à semelhança do que havia feito no Estádio da Luz, e armou uma equipa equilibrada e combativa, destinada sobretudo a ganhar vantagem no meio campo, onde o losango do Sporting costuma ditar leis nos confrontos com o FCPorto, partindo depois para o ataque em desdobramentos rápidos conduzidos por Rodriguez na esquerda e por Lucho ou Tomás Costa na direita.
Depois de uma primeira ameaça de Tomás Costa, a disparar por cima depois de uma iniciativa individual que motivou a pose deslumbrada de Miguel Veloso, seguindo o portista com os olhos, o FCPorto chegou mesmo ao golo. Após uma série de ressaltos, Lisandro faz um remate disparatado que vai parar à esquerda da defensiva sportinguista onde Grimi tinha tudo para dar seguimento ao lance.
Numa postura displicente, Grimi permite a chegada de Tomás Costa, após um sprint de 30 metros, que não desiste do lance e ganha a bola em lance dividido, com Grimi a atirar-se para o chão procurando cavar a falta (terá ficado nos balneários por castigo ao intervalo?). Tomás Costa ganha a linha, cruza para o segundo poste onde Meireles falha o remate, este ressalta num defesa do Sporting e sobra para Lisandro que, com muito sangue frio, bate em contra-pé Rui Patrício e inaugura o marcador.
O árbitro esteve bem neste lance ao não avaliar como falta a disputa de bola de Tomás Costa. Contudo, já antes deixara a desejar ao amarelar Lucho para depois, permitir uma entrada dura de Abel não a sancionando disciplinarmente. Abel viria depois a ver finalmente o amarelo, Lucílio ergueu os dedos para sinalizar a 2ª falta dura do defesa, mas, em abono da verdade, seria o segundo amarelo e consequente expulsão do defesa.
Seja como for o Sporting reagiu e acabou por chegar ao golo numa grande penalidade controversa onde há dois factos a destacar: a ingenuidade de Tomás Costa que encosta a mão em Moutinho e o capitão do Sporting a executar uma das suas especialidades: o salto para a piscina. O árbitro avaliou o lance como faltoso e marcou a falta num lance em que não me parece que houvesse razão para isso. Contudo dou o benefício da dúvida ao árbitro.
Abro num entanto um parêntesis para fazer um comentário sobre a atitude que João Moutinho tem evidenciado nos últimos tempos. O capitão do Sporting persiste sistematicamente em atirar-se para o chão ao mínimo toque, gritando e rebolando como se fosse uma truta fora de água e em cima de uma chapa de zinco quente. Para um jogador da qualidade de Moutinho, esta é uma atitude extremamente redutora que só pode merecer NOJO de um adepto de futebol (depois da acção de Grimi no primeiro golo do FCPorto e sabendo já da "qualidade" de Liedson, é caso para perguntar se não será uma questão de "escola"). Se se quer afirmar na Selecção, Moutinho terá ainda muito para aprender, sobretudo a ser sério e profissional.
Já num lance com Sapunaru, onde nas imagens é possível perceber que o romeno não toca no jogador do Sporting, Moutinho atirara-se descaradamente para o chão rebolando e gritando. O árbitro julgou não existir falta mas... faltou a exibição do amarelo ao capitão do Sporting.
Este lance até é paradigmático de outra situação que iria ocorrer mais tarde quando Derlei entra à canela de Sapunaru (parece ser um alvo, pois já Nuno Gomes achou por bem fazer o mesmo) e ao cair sobre ainda um encostão da perna de Postiga que foi inexplicavelmente tirar satisfações junto do romeno. Quando se levantou foi brindado com um cartão amarelo pelo árbitro, justificado por este último por um suposto mergulho do jogador portista. Inexplicável esta decisão e também a decisão em não sancionar também Moutinho com um amarelo quando, na primeira parte, se havia ostensivamente atirado para o chão como já o referi aqui.
Seja como for, o Sporting chegou à igualdade através dessa grande penalidade mas com uma atitude de campeão, o FCPorto soube reagir. 3 minutos depois Lisandro é carregado por Polga junto à área e, na conversão do livre, Bruno Alves atira uma "bomba" que só pára no fundo das redes. Um grande tiro do campeão que, pelo que se tem visto desde o início da época e sabendo que nos treinos Bruno Alves era também um dos homens em destaque para apontar os livres, tenho de perguntar: porque diabo era obrigatório Ricardo Quaresma marcar todos os livres da equipa, com a eficácia que se sabe?
Após o intervalo, o FCPorto mostrou que iria à procura do 3º golo. Rodriguez foi agarrado por Pereirinha (que substituira Grimi ao intervalo) e, na conversão do livre, Bruno Alves atira outra "bomba" que embate com estrondo da barra com Rui Patrício, mais uma vez, a seguir a bola com os olhos. Este seria o golo poderia ter resolvido o jogo mas infelizmente não aconteceu.
O Sporting, como já se esperava, avançou no terreno e o FCPorto recuou as linhas para explorar os espaços na defesa do Sporting através de lances rápidos de contra-ataque onde, por várias vezes ao longo da 2ª parte, poderia ter sentenciado em definitivo a partida.
A defesa do FCPorto foi resistindo, uma ou outra vez com alguma sorte (como no lance em que Derlei pontapeia a atmosfera após um bom lance de insistência de Romagnoli), mas, sobretudo, com uma enorme solidariedade dos seus jogadores e uma defesa que não cedeu, alicerçada num excelente profissional chamado Nuno Espírito Santo.
Ao minuto 56 dá-se um lance polémico de que os adeptos da casa reclamam. Tomás Costa entra duro sobre João Moutinho e vê o cartão amarelo. Contudo, instantes depois faz uma outra entrada sobre o mesmo jogador (foram duas ocasiões de ouro para Moutinho fazer o que sabe fazer melhor embora eu ache que, desta vez, doeu mesmo). O árbitro acaba por não mostrar o segundo amarelo ao argentino do FCPorto e Jesualdo, percebendo que o jogador estava instável, optou de imediato por retirá-lo do jogo, fazendo entrar Mariano que pouco ou nada trouxe de novo.
Este minuto de descontrolo foi de facto uma pena pois Tomás Costa estava a ser, até ali, um dos melhores jogadores do FCPorto, isto apesar do tal lance da "grande penalidade". Contudo, só por sorte, numa situação similar à de Abel na primeira parte, o jogador não foi expulso após duas faltas duras.
Daí até ao fim, o FCPorto soube resistir e podia mesmo ter chegado ao 3º golo não fosse a precipitação de Hulk (uma tendência irritante neste jogador que prima pelo individualismo mas que, a espaços até faz coisas interessante).
Um jogo que valeu a liderança à condição, esperando para ver o que o Leixões faz amanhã. Se vencer, temos na próxima jornada, a liderança em disputa no Estádio do Dragão.
Sinal Mais +
Nuno: um grande profissional e um guarda-redes que mostrou serviço e muita coragem. Torna-se uma voz de comando em campo e, quanto a mim, merece ser titular. Uma exibição 5 estrelas!
Bruno Alves: líder da defesa, onde também Rolando foi muito bom, e exímio a marcar os livres, fazendo lembrar outros tempos onde Celso e Geraldão brilharam.
Lisandro: lutador como sempre, parece estar a reencontrar-se com os golos o que só podem ser boas notícias. Depois do jogo contra o Fenerbahçe, o goleador parece estar a regressar. Aguardemos.
Lucho: enquanto teve pernas foi o grande dinamizador do meio campo do FCPorto, fazendo interessantes combinações com Tomás Costa na direita. A pausa que se segue vem mesmo a calhar para recuperar os índices físicos e Jesualdo irá com certeza poupá-lo no jogo contra o Sertanense.
Assim-assim
Tomás Costa: foi um dos melhores jogadores do FCPorto neste jogo mas precisa de ter cuidado na abordagem de lances como aquele em que resultou a grande penalidade a favor do Sporting. Na segunda parte, provavelmente fruto da pressão que o Sporting fez sobre o lado direito da equipa do FCPorto, desconcentrou-se e enervou-se. Foi bem substituído por Jesualdo mas, deveria ter sido expulso. Tem de pensar na equipa. Começa no entanto a mostrar os pormenores que justificaram a sua contratação ao Rosário Central.
Fucile: sem deslumbrar foi um jogador regular na esquerda, algo de que a defesa do FCPorto precisa. Se não tiver mais oscilações de forma o lugar é dele.
Hulk: continua a alternar decisões precipitadas e individualistas com pormenores técnicos que deixam os adeptos com água na boca. Um bom jogador que precisa no entanto de ser disciplinado de modo a pensar mais na equipa. Já não está no Japão e, no FCPorto, não é ele a estrela da companhia.
1 comentário:
Nem era caso para depois de Londres - exibição horrorosa, disse-o até, Jesualdo - pensarmos que eramos os piores do Mundo, também agora, não é o caso de pensarmos que já está tudo bem, só porque ganhamos em Alvalade.
Mas que foi muito reconfortante sentirmos que temos equipa, homens e profissionais, com vergonha na cara, capazes de se levantarem e provarem, que a notícia da morte do F.C.Porto era manifestamente exagerada.
Não vou falar de quen jogou melhor ou pior, porque só me interessa falar da equipa unida, solidária, com espírito do Dragão que ganhou em Alvalade.
Ainda não ganhamos nada, mas à 5ª jornada e depois de já termos ido à
Luz e a Alvade estarmos em 1º lugar...é muito bom!
Uma palavra de apreço a todos os que na terça-feira cairam com a equipa, mas que se levantaram e passaram logo, a apoiar, incentivar, moralizar.
Com estes portistas, felizmente, há muitos, o futuro do F.C.Porto será sempre, grandioso.
Um abraço
Enviar um comentário